Tuesday, December 18, 2012

AS ARMAS E A DÍVIDA

São os dois mais complexos dossiers que se encontram sobre a mesa de Obama neste final de ano.
Em qualquer deles a oposição republicana, com algumas excepções, parece continuar irredutível, e mesmo do lado democrata há reticências à subida do teto da dívida federal e opositores à restrição do uso de armas.

Segundo o Washington Post de hoje, Obama entregou ao vice-presidente Joe Biden a liderança de um grupo que apresente propostas para enfrentar o problema do uso privado de armas. A tarefa, que a um norte-americano poderá parecer fácil, não é. E não é porque, desde logo, colide com a liberdade de uso individual de armas consagrado na Segunda Emenda Constitucional. Depois, porque mesmo após um massacre perpretado por um louco, as posições mantêm-se praticamente inamovíveis, dividindo a nação. Ainda que uma maioria de 52% da população apoie a adopção de medidas de controle da venda de armas semi-automáticas uma grande maioria de 71% desaprova restrições à venda a civis de quaisquer armas. Por outro lado, não é grande a diferença entre os que consideram o massacre de Newtown um acto isolado (43%) e os que o consideram um problema mais amplo (52%).  

Os argumentos dos apoiantes da continuação da liberdade de uso de armas são, na sua grande maioria, chocantemente estúpidos: "as armas não matam pessoas" ou "tivesse a directora uma arma com ela ...". Mas, lamentavelmente, não podemos matá-los. Os argumentos. Resta-nos esperar que o peso do ridículo acabe por pesar nas consciências dos que pensam ou proferem tais barbaridades.

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Quanto ao precepício da dívida, e também segundo o Washington Post, parece próximo um acordo entre Obama e o líder da Câmara de Representantes, o que não significa, contudo, que esse acordo tenha o apoio garantido dos republicanos na Câmara. A este respeito é curioso o principal artigo do Outlook do WP deste fim-de-semana: Nele, Steve Mufson, reporter especializado em questões energéticas e financeiras, propõe - vd aqui - a venda do Alasca!, o que se traduziria na venda das reservas de petróleo e gás do Estado gelado. Pode valer, segundo Mufson, dois e meio triliões de dólares (trilião, igual a um milhão de milhões, na short scale, usada nos EUA ). Como a dívida federal atingiu o teto dos 16 triliões, se republicanos e democratas não se entenderem, os EUA ou suspendem pagamentos ... ou vendem o Alasca.
Esta última hipótese, a médio prazo, parece mais improvável do que na realidade é.

Por aqui se percebe porque é que estando a zona euro em crise, e a UE em recessão, o dólar esteja hoje cerca de 32% abaixo da moeda única europeia.

O mal é geral. Mas, por aí, não há petróleo em Alcobaça.
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Correl.- Menino de 11 anos leva arma para a escola não vá aparecer lá um serial killler

3 comments:

Anonymous said...

"Obama entregou ao vice-presidente Bin Laden..."

Um lapsus calami, não?

IsabelPS

rui fonseca said...


Obrigado.
Vou corrigir.

Bom Natal!
E um 2013 melhor do que aquele que nos prometem.

Anonymous said...

Para si também, e obrigada pelo seu trabalho.
Acho que estamos num daqueles momentos em que nos devíamos lembrar do discurso inaugural de Roosevelt nas profundezas da Grande Depressão: "the only thing we have to fear is fear itself"...

IsabelPS