A sua relexão
remete-me para uma opinião da historiadora F. Bonifácio, anteontem, num
programa da Sic notícias. Afirmou a historiadora que uma federação
europeia é uma ideia impossível porque os europeus são radicalmente
diferentes uns dos outros e, por essa razão, combateram-se ao longo dos séculos. A excepção são estes últimos sessenta anos, depois da
Segunda Guerra Mundial. Que, talvez não por acaso, coincidem com criação e construção da União
Europeia.
Acrescentou
FB que, confessando-se liberal, nunca aceitaria um padrão de
comportamento ditado pelos europeus do norte. E, a título de exemplo do
que afirmava, disse que nunca deixaria de usar o seu automóvel para passar a usar os transportes colectivos ... ou a bicicleta, penso eu.
Tal
afirmação é susceptível de múltiplas apreciações de índole moral.
Refiro-me apenas a duas: a primeira, não sendo, em princípio, o
comportamento da historiadora susceptível de esbarrar com os meus
valores morais, pode a senhora andar de automóvel à vontade que nem eu, e
presumo que ninguém, do norte ao sul se oporá, nem isso pode colocar em
risco a convivência numa sociedade mais ou menos complexa. O que pode
colocar em risco a convivência numa sociedade, qualquer que ela seja, a
começar pela família, é a não comunhão de valores morais que dão coesão
às sociedades.
O prevalecente hedonismo católico no sul não impedirá uma maior integração política com o norte maioritariamente calvinista, o que poderá opor-se a uma união perdurável entre o norte e o sul é a ausência de comunhão de valores morais que cimentem essa união. Honrar os compromissos, proceder com honestidade de processos, respeitar os outros, que é apanágio do norte da Europa, é desvalorizado a sul. Honra, honestidade, cumprimento, são palavras que tendem a desaparecer das línguas meridionais. Mas esses, sim, são valores morais que, ou toda a sociedade comunga ou não há sociedade possível.
O prevalecente hedonismo católico no sul não impedirá uma maior integração política com o norte maioritariamente calvinista, o que poderá opor-se a uma união perdurável entre o norte e o sul é a ausência de comunhão de valores morais que cimentem essa união. Honrar os compromissos, proceder com honestidade de processos, respeitar os outros, que é apanágio do norte da Europa, é desvalorizado a sul. Honra, honestidade, cumprimento, são palavras que tendem a desaparecer das línguas meridionais. Mas esses, sim, são valores morais que, ou toda a sociedade comunga ou não há sociedade possível.
Em
Portugal, por uma questão de ilusão sociológica decorrente de uma
exposição prolongada à banalização da mentira e da falta de vergonha confundem-se frequentemente os
diferentes níveis de valores morais.
E enquanto essa confusão persistir a convivência entre norte e sul será realmente um ideia peregrina.
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