Há pouco mais de um ano afirmei aqui que o maior buraco (ia) começar dentro de pouco tempo, a propósito da recapitalização dos bancos portugueses, que, no caso do BCP, dificilmente deixará de corresponder a uma nacionalização com todas as surpresas para os contribuintes a que este tipo de intervenção em nome do Estado é propício. Entretanto, a recapitalização, a caminho da nacionalização, já se concretizou, assim como da Caixa e do BPI. No caso da Caixa, até porque uma parte foi encaminhada directamente para aumento de capital, teremos de levar os fundos entregues em nome do Estado, a fundos perdidos. No caso do BPI, a probabilidade de reembolso parece elevada, tendo, aliás, já sido iniciado o reembolso nos termos do contrato. No caso do BCP, a incógnita é enorme mas, considerando a evolução dos resultados apresentados entretanto, a hipótese da participção do Estado se converter definitivamente em capital, tornando os contribuintes , de facto, responsáveis pelas perdas que vierem a observar-se, parece-me de concretização muito provável. De qualquer modo, os capitais das recapitalizações que não vierem a ser reembolsados aumentarão a dívida líquida soberana, comprometendo-se, também deste modo a evolução decrescente apresentada pelo ministro das finanças durante a conferência de apresentação do OE.
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Hoje, o protagonista é o Banif. E porquê? Porque o volume de transacções das suas acções foi cerca de 39 vezes superior à média dos últimos 12 meses e os preços chegaram a subir 36%. E porquê? Porque uma decisão judicial abre as portas à recapitalização de mil milhões de euros. Conseguirá o Banif, num contexto de crise de que não se vê ainda a curva de inflexão, devolver ao Estado os mil milhões que levaram os accionistas a colocar o Banif no top das notícias financeiras domésticas? Não creio. Entre a hipótese do reembolso e a nacionalização de facto, suponho muito mais provável esta que aquela.
Curioso é que estas prováveis nacionalizações, com todos os efeitos que podem determinar na carga da dívida, isto é, em sobrecarga de impostos que os portugueses terão de pagar, pouca ou nenhuma atenção tenha merecido dos habituais comentadores da praça. Todas as atenções estão direccionadas para as privatizações a curto prazo: da TAP, da RTP e da ANA. Questões importantes, sem dúvida. Mas menos susceptíveis de bulirem com os bolsos dos contribuintes.
Voltando ao Banif: Estaremos, neste caso, perante uma situação de eventual risco sistémico, o tal com que nos amedrontam para nos extorquir contribuições? Penso que não. Se os actuais accionistas não conseguem, apesar da euforia de hoje, dispensar a participação do Estado, porque não pode falir o Banif num país em que todos os dias o número de declarações de insolvências e falências continua a ser crescente? Por que razão teremos todos de pagar os erros ou os riscos mal calculados de alguns?
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Correl.- Portugal vai ser excepção numa Europa com maioria de aeroportos públicos
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