Comentário colocado em
My Guide to Your Galaxy , a propósito do post "Salvar o Planeta"
Li o artigo do AAA, publicado em "Dia D", e quando acabei de o ler, concluí que nenhuma crítica era pertinente porque o autor se alicerça numa posição de fé.
E, como se sabe, a fé não se discute.
A terminar o seu artigo, AAA, não o faz por menos do que nos atirar com uma conclusão dogmática: " Em suma, o que mais importa - quer esteja em causa o arrefecimento ou o aquecimento global - é impedir que decisões economicamente irracionais ponham em causa o mais importante recurso de que a humanidade dispõe para enfrentar a incerteza do futuro e promover o desenvolvimento: o tão imprescindível quanto incompreendido capitalismo".
É obra! Para um doutorando da LSE, a investigação parte do resultado final para as premissas. Verdade seja que é um truque pouco, ou mesmo nada, original: todos sabemos que muitos "estudos económicos" de viabilidade, ou de oportunidade, partem das conclusões pretendidas para os pressupostos que as justifiquem. O que é espantoso é que AAA, doutorando, enverede pelo mesmo "método científico".
Porque o problema, caro Sérgio dos Santos, reside aí: É evidente que será absurdo optar por uma acção que, economicamente, seja pior do que outra. Mas pior para quem?
Transcrevo do seu texto: "Partindo desta visão, todo e qualquer gasto é vital e indispensável para atingir a meta proposta - salvar o planeta , custe o que custar"
Não penso que haja alguém, a menos que se posicione também dogmaticamente, que advogue "todo e qualquer gasto" despropositado. Porque das duas, uma: ou o gasto é despropositado, e a questão não faz sentido, pelo menos para pessoas medianamente informadas; ou o gasto faz sentido (economicamente) e, neste caso, nenhuma alternativa oferecerá melhores vantagens em termos de custos de oportunidade, do que salvar o planeta. Porque sem planeta acabam-se as discussões de vez.
Francamente lhe confesso que, depois de vários anos em que tive de confrontar-me, efectivamente e não só em discussões académicas ou outras, com fanáticos da ecologia (que os há, inquestionavelmente) leio as posições neoliberais a propósito deste tema e assalta-me o mesmo sentimento de alarme: de que uma questão tão crítica para a Humanidade seja disputada com pouca serenidade científica e seriedade científica, tanto do ponto vista ecológico como económico.
E, como se sabe, a fé não se discute.
A terminar o seu artigo, AAA, não o faz por menos do que nos atirar com uma conclusão dogmática: " Em suma, o que mais importa - quer esteja em causa o arrefecimento ou o aquecimento global - é impedir que decisões economicamente irracionais ponham em causa o mais importante recurso de que a humanidade dispõe para enfrentar a incerteza do futuro e promover o desenvolvimento: o tão imprescindível quanto incompreendido capitalismo".
É obra! Para um doutorando da LSE, a investigação parte do resultado final para as premissas. Verdade seja que é um truque pouco, ou mesmo nada, original: todos sabemos que muitos "estudos económicos" de viabilidade, ou de oportunidade, partem das conclusões pretendidas para os pressupostos que as justifiquem. O que é espantoso é que AAA, doutorando, enverede pelo mesmo "método científico".
Porque o problema, caro Sérgio dos Santos, reside aí: É evidente que será absurdo optar por uma acção que, economicamente, seja pior do que outra. Mas pior para quem?
Transcrevo do seu texto: "Partindo desta visão, todo e qualquer gasto é vital e indispensável para atingir a meta proposta - salvar o planeta , custe o que custar"
Não penso que haja alguém, a menos que se posicione também dogmaticamente, que advogue "todo e qualquer gasto" despropositado. Porque das duas, uma: ou o gasto é despropositado, e a questão não faz sentido, pelo menos para pessoas medianamente informadas; ou o gasto faz sentido (economicamente) e, neste caso, nenhuma alternativa oferecerá melhores vantagens em termos de custos de oportunidade, do que salvar o planeta. Porque sem planeta acabam-se as discussões de vez.
Francamente lhe confesso que, depois de vários anos em que tive de confrontar-me, efectivamente e não só em discussões académicas ou outras, com fanáticos da ecologia (que os há, inquestionavelmente) leio as posições neoliberais a propósito deste tema e assalta-me o mesmo sentimento de alarme: de que uma questão tão crítica para a Humanidade seja disputada com pouca serenidade científica e seriedade científica, tanto do ponto vista ecológico como económico.
V. refere que "É muito pouco provável que quem tem de garantir, no final do dia, o acesso da sua família a alguns pratos de comida, sinta insónias sobre o eventual subida de temperatura média da Terra, nos próximos 50 anos, em 1 ou 2 graus Celsius". Deve ter havido lasus linguae da sua parte quanto refere "alguns pratos de comida há noite", porque, se não, poderíamos concluir que as insónias seriam provocadas por empanturramento. Mas, lendo o que lá não está, subentendendo que as insónias seriam provocadas pela escassez de comida, V. deve saber que as ameaças que pairam sobre os ecossistemas não decorrem da rapina provocada por quem come pouco mas por quem come muito. Neste mundo, espero que tenha lido isto, o número de obesos já se equivale ao daqueles que morrem por inanição. A fome mata mais que a malária e a malária mais que outra enfermidade qualquer.
Que é que isto tem a ver com o aquecimento global? Se, como V. diz "a perspectiva económica é tão ou mais importante do que a análise climatológica" realmente tem pouco. A questão, caro Sérgio Santos, é que não há uma perspectiva económica que não tenha em conta todas as restantes perspectivas. Admira-me que V. não tenha ainda reparado nisso. A menos que se trate não da Economia mas da nossa conta bancária. Que também é Economia, pois claro que é. A nossa, individualmente considerada.
Sérgio dos Santos -
Sérgio dos Santos -
" A questão, caro SS, é que não há uma perspectiva económica que não tenha em conta todas as restantes perspectivas. Admira-me que V. não tenha ainda reparado nisso.»
O post era sobre quem rejeita precisamente a perspectiva da análise económica em termos de custos-benefícios e custos de oportunidade, logo não vejo onde quer chegar com esse raciocínio. É óbvio que a perspectiva económica tem a perspectiva climatológica em conta uma vez que é baseada nela. Como fazer esta análise económica sem fazer previsões sobre o clima?«A menos que se trate não da Economia mas da nossa conta bancária. Que também é Economia, pois claro que é. A nossa, individualmente considerada.»Tratam-se de ambas as coisas. Qualquer análise económica tem de conseguir estimar qual irá ser o impacto dos seus custos e o proveito dos seus gastos.
«Porque o problema, caro Sérgio dos Santos, reside aí: É evidente que será absurdo optar por uma acção que, economicamente, seja pior do que outra. Mas pior para quem?»Para todos. Os cidadãos que são influenciados pelas políticas ambientais e ao mesmo tempo as financiam. Nós.
«Porque o problema, caro Sérgio dos Santos, reside aí: É evidente que será absurdo optar por uma acção que, economicamente, seja pior do que outra. Mas pior para quem?»Para todos. Os cidadãos que são influenciados pelas políticas ambientais e ao mesmo tempo as financiam. Nós.
«Não penso que haja alguém, a menos que se posicione também dogmaticamente, que advogue "todo e qualquer gasto" despropositado.»
É a ideia subjacente quando se defende que para salvar o ambiente a análise económica não importa. E sim, há muita gente que infelizmente se coloca nessa posição.
«Deve ter havido lapsus linguae da sua parte quanto refere "alguns pratos de comida há noite", porque, se não, poderíamos concluir que as insónias seriam provocadas por empanturramento. »Está lá escrito família. Assumo que cada pessoa come pelo seu prato, não?
«Mas, lendo o que lá não está, subentendendo que as insónias seriam provocadas pela escassez de comida, V. deve saber que as ameaças que pairam sobre os ecossistemas não decorrem da rapina provocada por quem come pouco mas por quem come muito.»
Não entendo como é que o fonsecarui se confundiu com um exemplo tão simples. As insónias seriam causadas pela preocupação com o aquecimento global, que evidentemente não existe já que quem tem preocupações terrenas tão significativas não se vai molestar com a subida de 1 ou 2ºC (previstos?) em 50 anos. Não tem nada a ver com quantidades de comida consumidas.
«Neste mundo, espero que tenha lido isto, o número de obesos já se equivale ao daqueles que morrem por inanição. A fome mata mais que a malária e a malária mais que outra enfermidade qualquer.»
Claro que sim. Isso é a prova viva de que a liberdade económica provoca uma abundância enorme de alimentos e acessibilidade a bens como cuidados de saúde, ao contrário do intervencionismo e da regulação, que propaga a pobreza. Não sei se já alguma vez pensou que os países africanos e asiáticos são dos menos livres do mundo, não é portanto estranho que sejam também os menos ricos.
"Não sei se já alguma vez pensou que os países africanos e asiáticos são dos menos livres do mundo, não é portanto estranho que sejam também os menos ricos."
Começando pelo seu comentário final: Que a criação de riqueza, com a conjugação das circunstâncias que essa criação requer, se realiza melhor nas sociedades livres, a que eu prefiro chamar democráticas, não parece existirem grandes dúvidas. Mas o capitalismo não é inerente unicamente às sociedades democráticas. Podem os agentes económicos actuarem num mercado "livre" de cidadãos amordaçados.
Mas a questão primordial, que se diferencia nos nossos pontos de vista, não é essa. Para o doutorando André Azevedo Alves o"mais importante recurso de que a humanidade dispõe
para enfrentar a incerteza do futuro e promover o desenvolvimento é o imprescindível capitalismo"
Ora esta afirmação é, no mínimo, insólita, sobretudo vinda de quem vem, por que é suposto, estar o doutorando a realizar trabalho de investigação, que para o ser, deve deixar à porta os preconceitos.
Todo o artigo dele enfatiza a problemática económica sem conceder que o interesse primordial está na defesa da base em que os interesses se realizam: na Terra, enquanto as viagens siderais não proporcionarem alternativas.
Ora tendo vindo V. em defesa de André Azevedo Alves, deduzi que ele precisou defesa e que V. se prontificou a dar-lha.
Concluo agora que a sua perspectiva é bem mais consentânea com os reparos que fiz, aparte alguns pormenores que, por o serem, são irrelevantes.
Trabalhei vários anos num sector que tanto a nível nacional como internacional é dos mais sensíveis do ponto de vista das questões ecológicas. E aprendi que os esforços realizados no sentido da redução do impacto ambiental ao longo dos anos favoreceram a indústria, do ponto de vista da sua rentabilidade e competitividade.
Mas, se recuássemos vinte anos, oito em cada dez estudos de viabilidade económica realizados na altura, concluíam pela inviabilidade da indústria, se satisfeitas as exigências de protecção ambiental.
Os estudos económicos têm destas coisas: Podem justificar sempre o que queremos que seja justificado.
O capitalismo, contrariamente ao que diz André Azevedo Alves, não é um recurso, mas um regime social de gestão dos recursos. Da confusão entre o agente e o objecto nasce a perigosa intenção de dar prevalência aquele em detrimento deste.
Ora nada, a este respeito, á sagrado. E o capitalismo, tendo demonstrado, inequivocamente, a sua supremacia no mundo moderno, não trouxe embalado consigo o fim da história.
O capitalismo, se vive da liberdade, (porque muitas vezes não vive), robustece-se nas exigências que esta lhe impõe. Mas não pode a liberdade deixar-se assaltar, porque então teríamos capitalismo mas não teríamos liberdade.
E, nesse caso, qual seria a sua escolha?
"Não sei se já alguma vez pensou que os países africanos e asiáticos são dos menos livres do mundo, não é portanto estranho que sejam também os menos ricos."
Começando pelo seu comentário final: Que a criação de riqueza, com a conjugação das circunstâncias que essa criação requer, se realiza melhor nas sociedades livres, a que eu prefiro chamar democráticas, não parece existirem grandes dúvidas. Mas o capitalismo não é inerente unicamente às sociedades democráticas. Podem os agentes económicos actuarem num mercado "livre" de cidadãos amordaçados.
Mas a questão primordial, que se diferencia nos nossos pontos de vista, não é essa. Para o doutorando André Azevedo Alves o"mais importante recurso de que a humanidade dispõe
para enfrentar a incerteza do futuro e promover o desenvolvimento é o imprescindível capitalismo"
Ora esta afirmação é, no mínimo, insólita, sobretudo vinda de quem vem, por que é suposto, estar o doutorando a realizar trabalho de investigação, que para o ser, deve deixar à porta os preconceitos.
Todo o artigo dele enfatiza a problemática económica sem conceder que o interesse primordial está na defesa da base em que os interesses se realizam: na Terra, enquanto as viagens siderais não proporcionarem alternativas.
Ora tendo vindo V. em defesa de André Azevedo Alves, deduzi que ele precisou defesa e que V. se prontificou a dar-lha.
Concluo agora que a sua perspectiva é bem mais consentânea com os reparos que fiz, aparte alguns pormenores que, por o serem, são irrelevantes.
Trabalhei vários anos num sector que tanto a nível nacional como internacional é dos mais sensíveis do ponto de vista das questões ecológicas. E aprendi que os esforços realizados no sentido da redução do impacto ambiental ao longo dos anos favoreceram a indústria, do ponto de vista da sua rentabilidade e competitividade.
Mas, se recuássemos vinte anos, oito em cada dez estudos de viabilidade económica realizados na altura, concluíam pela inviabilidade da indústria, se satisfeitas as exigências de protecção ambiental.
Os estudos económicos têm destas coisas: Podem justificar sempre o que queremos que seja justificado.
O capitalismo, contrariamente ao que diz André Azevedo Alves, não é um recurso, mas um regime social de gestão dos recursos. Da confusão entre o agente e o objecto nasce a perigosa intenção de dar prevalência aquele em detrimento deste.
Ora nada, a este respeito, á sagrado. E o capitalismo, tendo demonstrado, inequivocamente, a sua supremacia no mundo moderno, não trouxe embalado consigo o fim da história.
O capitalismo, se vive da liberdade, (porque muitas vezes não vive), robustece-se nas exigências que esta lhe impõe. Mas não pode a liberdade deixar-se assaltar, porque então teríamos capitalismo mas não teríamos liberdade.
E, nesse caso, qual seria a sua escolha?
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