Quando o “Shopping” das Amoreiras foi inaugurado eu supus que o negócio não se aguentaria mais do que dez anos. Errei, redondamente. Não só o investimento se mostrou altamente rentável, pelos vistos, como, a partir de então, têm aberto outros centros comerciais por esse país fora, que é um nunca mais acabar. E, dizem os especialistas, ou os interessados, para o caso pouco importa, que há ainda espaço (negócio) para mais.
Na altura, eu conhecia já os “Shopping” de S. Paulo e de Montereal, e atribuía, então, o sucesso dos primeiros à necessidade das classes mais favorecidas terem de se refugiar em fortalezas comerciais, tendo em conta os índices de criminalidade na rua, e dos segundos, às temperaturas de Inverno que, se corre vento, se situam frequentemente abaixo dos vinte, e mesmo trinta, graus negativos.
Em Lisboa, felizmente, nem a criminalidade, por enquanto, nos inibe de andar nas ruas do centro da cidade a qualquer hora do dia, nem as temperaturas nos empurram para entrarmos num espaço fechado. Lisboa tem um céu azul inigualável, um rio lindo, uma localização ímpar. A baixa pombalina, apesar do traçado empertigado, é hospitaleira, e o Terreiro do Paço seria a praça mais bonita do mundo se o Dom José fosse cavalgar para outro lado. De qualquer modo, já foi uma conquista notável que tenham acabado com o parque automóvel. Tudo contado, as minhas contas apontavam para o fracasso dos centros comerciais fechados num país com tão acolhedor céu aberto. Para mim, o centro comercial natural de Lisboa estava nas suas ruas e o centro dos centros na baixa pombalina.
Passados todos estes anos, os “Shopping” enchem-se de multidões consumidoras, e não consumidoras, às horas em que Lisboa se esvazia e a baixa pombalina é um deserto.
Há dias, estivemos mais uma vez em Salamanca. Chegámos, eram horas de jantar, e fomos até à Plaza Mayor. É sempre um privilégio desfrutar o encanto de estar ali. A Plaza Mayor não tem o rio largo nem o desafogo do Terreiro do Paço mas, convenhamos, ganha, por isso mesmo, em aconchego. A sua arquitectura neo-clássica é mais delicada, a sua posição geográfica na cidade é mais centrípeta.
Na altura, eu conhecia já os “Shopping” de S. Paulo e de Montereal, e atribuía, então, o sucesso dos primeiros à necessidade das classes mais favorecidas terem de se refugiar em fortalezas comerciais, tendo em conta os índices de criminalidade na rua, e dos segundos, às temperaturas de Inverno que, se corre vento, se situam frequentemente abaixo dos vinte, e mesmo trinta, graus negativos.
Em Lisboa, felizmente, nem a criminalidade, por enquanto, nos inibe de andar nas ruas do centro da cidade a qualquer hora do dia, nem as temperaturas nos empurram para entrarmos num espaço fechado. Lisboa tem um céu azul inigualável, um rio lindo, uma localização ímpar. A baixa pombalina, apesar do traçado empertigado, é hospitaleira, e o Terreiro do Paço seria a praça mais bonita do mundo se o Dom José fosse cavalgar para outro lado. De qualquer modo, já foi uma conquista notável que tenham acabado com o parque automóvel. Tudo contado, as minhas contas apontavam para o fracasso dos centros comerciais fechados num país com tão acolhedor céu aberto. Para mim, o centro comercial natural de Lisboa estava nas suas ruas e o centro dos centros na baixa pombalina.
Passados todos estes anos, os “Shopping” enchem-se de multidões consumidoras, e não consumidoras, às horas em que Lisboa se esvazia e a baixa pombalina é um deserto.
Há dias, estivemos mais uma vez em Salamanca. Chegámos, eram horas de jantar, e fomos até à Plaza Mayor. É sempre um privilégio desfrutar o encanto de estar ali. A Plaza Mayor não tem o rio largo nem o desafogo do Terreiro do Paço mas, convenhamos, ganha, por isso mesmo, em aconchego. A sua arquitectura neo-clássica é mais delicada, a sua posição geográfica na cidade é mais centrípeta.
Mas, a grande diferença, é feita pelas pessoas. As pessoas que tocam e bailam as danças dos bairros, os jovens que cantam baladas, as pessoas que comem e bebem, e sobretudo as pessoas que se encontram para passear e conversar.
Por que razão te abandonam, Lisboa?