"Este livro não sai da cabeça, recusa-se a ir embora, força o leitor a voltar a ele ... excepcional." - Neil Gaiman, The New York Times.
A publicidade na portada de um livro coloca-me sempre de pé atrás.
Há dias, soube-se que a Kazuo Ishiguro foi atribuído o Nobel de Literatura deste ano. Das suas obras editadas em português só se encontrava disponível nas livrarias, no dia do anúncio da Academia Sueca, a última, "O Gigante Enterrado", publicado em 2015, escrito dez anos após a publicação da anterior.
O que levou a Academia Sueca a esperar doze anos para atribuir o Nobel a um autor que ganhara o Booker Prize em 1989 com "Remains of the Day", adaptado a cinema quatro anos depois?
Muitos outros autores vencedores do Booker nunca foram nem serão distinguidos com o Nobel, mas este prémio máximo da literatura foi atribuído dois anos depois da publicação do último romance de um conjunto de sete, além de quatro roteiros para cinema, televisão e teatro.
Foi decisiva, para a distinção Nobel, a publicação de "O Gigante Enterrado"?
Se foi, deve continuar o Comité Nobel para a atribuição do Prémio de Literatura confuso, ou a procurar confundir-nos, com os seus critérios de avaliação do mérito dos autores galardoados nos últimos anos.
Li "O Gigante Enterrado", não porque o livro me tivesse forçado a voltar a ele, mas porque percorri com alguma persistência as 405 páginas da edição portuguesa simplesmente com o objectivo de tentar descortinar nele o mérito que é suposto possuir. E não cheguei lá.
Com menos trezentas páginas, esta novela, que é um conto sobre a amnésia colectiva mergulhado nas lendas dos tempos do rei Artur, arrastaria durante menos tempo os protagonistas da história e a paciência do leitor.
O mesmo poder-se-à dizer do "Ensaio Sobre a Cegueira", mas Saramago lembrou-se primeiro de ficcionar o comportamento social em situação de ausência de visão.
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