Segundo as sondagens e os comentários de quem é suposto estar minimamente informado, o PSD registará hoje a maior perda eleitoral de sempre. Mas o sr. Passos Coelho diz que não se demite quaisquer que sejam os resultados das eleições de hoje, e a generalidade dos opinantes acredita que ele não se demitirá, mesmo que, como tudo leva a crer, o descrédito do partido que lidera nunca tenha roçado tão fundo.
Os resultados das eleições autárquicas não se projectam nas eleições legislativas, argumenta o sr. Passos Coelho e os seus apoiantes. Mas é um argumento que não convence.
Geralmente, as eleições autárquicas, realizadas entre duas eleições legislativas, favorecem as oposições*. Este ano, é por demais evidente que o PSD não só não beneficiará de qualquer desgaste politico do Governo como, salvo circunstâncias imprevisíveis neste momento, comprometerá uma recuperação significativa nos próximos dois anos.
O sr. Passos Coelho não pode, honestamente, recusar assumir todas as suas responsabilidades no descalabro previamente anunciado. Foi ele que decidiu quem concorreria às eleições nos principais municípios do país, onde o PSD, segundo as sondagens corre o risco de ser aí colocado pelo eleitorado em terceiras posições.
Não. Foi muito evidente durante a campanha o envolvimento de todos os lideres partidários no apoio aos seus candidatos autarcas tornando nacionais as leituras que os resultados das eleições de hoje vão permitir. E o sr. Passos Coelho, não tendo sido excepção, não tem meios de escapar às responsabilidades que os resultados de hoje lhe vão imputar.
Recorde-se o que aqui se anotou várias vezes desde as vésperas das legislativas de 2011: o sr. Passos Coelho ao assumir o governo do país submetido a regras impostas pelos credores, negociadas e subscritas pelo anterior primeiro-ministro, dispensando o PS de co-assumir as responsabilidades do ónus da governação em tais circunstâncias, pegou num tição que, irremediavelmente, o iria queimar.
Teimosamente, desprezou essa ameaça, e queimou-se. Teimosamente, persiste agora em recusar afastar-se do comando do seu partido, arrastando-o para um situação encalhada de onde não será fácil safá-lo.
Ora se o sr. Passos Coelho não se demite, no uso de um direito que só o voto dos membros do PSD podem contrariar, está na hora de Rui Rio, esta noite, se assumir uma vez por todas candidato à liderança ou renunciar de vez a esse propósito, de modo a permitir que outro ou outros o façam.
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Correl - (2/10) -* Há 32 anos que um partido no Governo não ganhava as autárquicas
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Correl - (2/10) -* Há 32 anos que um partido no Governo não ganhava as autárquicas
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