Anteontem, na Catalunha, em dia de referendo, para além dos confrontos com a polícia nacional de Espanha, observou-se um facto sintomático do modo como pode o futebol vir a influenciar as pretensões dos independentistas catalães: o jogo entre Barcelona e o Las Palmas em Camp Nou realizou-se com as portas fechadas ao público.
Segundo o que pode ler-se aqui, a selecção espanhola de futebol treinou ontem em Las Rozas, Madrid, e a reacção de cerca de duas centenas assistentes ao treino, entre cerca de mil, desafiados pelos cânticos de um grupo de dez jovens ultra nacionalistas contra a presença de Gerard Piqué, defesa central do Barcelona, nascido em Barcelona, - “¡Piqué, cabrón, fuera de la selección!”. “¡Piqué, llorón, España es tu nación...!”- acabou por provocar, após vinte minutos, a suspensão dos trabalhos, sem que alguns dos convocados tenha tocado na bola.
E a partir de agora, como vai ser?
O Futbol Club Barcelona, mas também o Espanyol (curiosamente, Reial Club Deportiu Espanyol de Barcelona) e o Girona Futbol Club já anunciaram o seu alinhamento pela causa independentista. Na liga secundária é muito provável que se observem opções idênticas. O futebol motiva paixões e reacções frequentemente incontroláveis, a mistura com os instintos nacionalistas pode tornar-se explosiva.
Da União Europeia já chegou a mensagem de que a questão catalã tem de ser resolvida internamente e no respeito pela Constituição espanhola não sendo admissível como membro da União Europeia qualquer território separado à revelia da lei fundamental do país de que faz parte.
E a FIFA, como reagirá a FIFA perante uma eventual declaração unilateral de independência da Catalunha? Apesar dos rombos que a FIFA apresenta na sua honorabilidade, dificilmente se pode prever que a Catalunha independente entre enquanto a Espanha não autorizar que ela entre.
Alguém pode acreditar que isto não influenciará bastante o curso da querela independentista?
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