Lê-se aqui que "dezenas de intelectuais e ativistas portugueses (manifestamente de esquerda radical ou extrema esquerda) subscreveram um manifesto em que, sem tomar posição quanto à questão da independência da Catalunha, criticam o que consideram ser a “repressão policial” exercida pelas forças da ordem espanholas no passado dia 1 de outubro".
E não repararam em mais nada.
Neste aspecto não divergem da pesporrência do sr. Nigel Farage quando há dias arengava, pela enésima vez, no Parlamento Europeu, contra a União Europeia, que ele gostaria de ver desmantelada, agora a propósito dos feridos durante os distúrbios de 1 de Outubro em Barcelona. Nem dele nem de todos os que nos extremos políticos não desistem dos mesmos propósitos.
Custa-lhes olhar para o lado e perceber que o independentismo catalão é uma forma pseudo -democrática de racismo. Aqueles que na Catalunha não pretendem continuar a pertencer à comunidade espanhola estão encapotadamente a dizer a todos os restantes povos de Espanha - galegos, andaluzes, estremenhos, aragoneses, asturianos, cantábricos, murcianos, castelhanos, canarienses, baleares, bascos - que não têm afinidades com eles, talvez porque falem alto demais, ou não se lavem, ou não saibam estar à mesa, ou por qualquer outra razão.
Ou, hipótese altamente provável, por considerarem que todos os outros são menos capazes, menos organizados, mais madraços, menos empenhados, menos produtivos, enfim, e para resumir, mais pobres. E aí é que está o ponto mais dorido da questão catalã: eles, à imagem e semelhança daqueles que norte europeu se sentem desconfortáveis com os que habitam no sul, pretendem encaixar os ganhos sem participar nos custos da pertença a uma zona económica que só pode subsistir se houver liberdade de trânsito de capitais, mercadorias e serviços mas também de pessoas.
Ou, hipótese altamente provável, por considerarem que todos os outros são menos capazes, menos organizados, mais madraços, menos empenhados, menos produtivos, enfim, e para resumir, mais pobres. E aí é que está o ponto mais dorido da questão catalã: eles, à imagem e semelhança daqueles que norte europeu se sentem desconfortáveis com os que habitam no sul, pretendem encaixar os ganhos sem participar nos custos da pertença a uma zona económica que só pode subsistir se houver liberdade de trânsito de capitais, mercadorias e serviços mas também de pessoas.
O que é espantoso, ou talvez não tanto, considerando a extrema mobilidade ideológica entre os extremos, é que posicionando-se a esquerda radical em posição extremamente crítica do egoísmo que vem do norte não veja, neste caso do independentismo catalão, nenhuma forma egoísta, de recusa de solidariedade da Catalunha, rica, relativamente, por exemplo, à Andaluzia, mais pobre.
Será que um dia esta mesma incapacidade para mover o pescoço se manterá se, e quando, o norte de Itália recusar a nacionalidade italiana para não suportar o fardo da Calábria?
E os bascos?
Que farão os bascos, onde a guerra terrorista terminou mas o independentismo não, se e quando a Catalunha for independente?
Porque não agora?, perguntarão eles
E a Córsega?
E a Flandres?
E, porque não, o Algarve?
E em tantos outros cantos da Europa onde houver europeus empenhados em estilhaçar a União Europeia, em nome de um nacionalismo racista empacotado num independentismo serôdio a navegar contra a corrente num mundo cada vez mais globalizado, mais habitado, mais interdependente.
A menos que a guerra reduza drasticamente a espécie humana.
Deve ser esse o objectivo deles, inconformados com pouco mais de 70 anos de paz.
E em tantos outros cantos da Europa onde houver europeus empenhados em estilhaçar a União Europeia, em nome de um nacionalismo racista empacotado num independentismo serôdio a navegar contra a corrente num mundo cada vez mais globalizado, mais habitado, mais interdependente.
A menos que a guerra reduza drasticamente a espécie humana.
Deve ser esse o objectivo deles, inconformados com pouco mais de 70 anos de paz.
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