Ontem, no Expresso da Meia Noite, assistimos a mais uma discussão sobre o imbróglio accionista no BPI.
Um dos convidados, o jornalista angolano Rafael Marques, colocou, durante a sua primeira intervenção, a abordagem do tema no plano das razões que preponderam no conflito que extravasou dos negócios privados para a intervenção política e que, neste campo, colocam em confronto os governos em Luanda e Lisboa.
À lei do governo em Lisboa, que retirará a vantagem a Isabel dos Santos de um peso accionista não equivalente ao número de acções que detém no BPI, ameaça retaliar o governo em Luanda retirando, por decreto, o poder (maioritário) do BPI no Banco de Fomento de Angola.
E tudo isto porquê?
Respondeu Rafael Marques que se a srª. Isabel dos Santos não fosse filha do sr. José Eduardo dos Santos, se essa vantagem tutelar não existisse, ela não beneficiaria, como tem beneficiado em larga escala, do sistema corrupto nem da protecção política. O que inquina a discussão entre os dois maiores accionistas do BPI é o facto de, em Luanda, os negócios da srª. Isabel dos Santos se confundirem com os negócios do Estado num processo promíscuo alimentado pela corrupção generalizada ao mais alto nível.
Contou, logo a seguir, sr. Vítor Ramalho, socialista soarista, nascido em Angola, agora presidente da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa e "uma das 5 personalidades de reconhecido mérito do Conselho Económico e Social", que tendo-se empregado numa empresa aos 21 anos de idade, observou um acto de corrupção e decidiu denunciar o facto ao seu superior hierárquico. Recebeu uma lição que, pelos vistos, lhe ficou para o resto da vida: Vítor, toma nota que a moral acaba quando começam os negócios.
Rafael Marques sorriu.
Imaginando, talvez, as personalidades de mérito de lá e de cá como membros do mesmo clube amoral.
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