Em Outubro de 2010 apontei aqui discordâncias acerca das atribuições de subsídios a actividades supostamente culturais, que constituem em grande medida razão de ser de um Ministério da Cultura em Portugal. Voltei depois várias vezes ao tema em notas colocadas neste caderno de apontamentos reflectindo sobre um conjunto de medidas de promoção das actividades culturais que poderiam induzir o interesse por essas actividades - e, muito em particular, o teatro - se a maior força persuasora - a televisão e rádio públicas - fosse obrigada a prestar esse serviço realmente público de forma eficiente.
Ontem, Leonel Moura, que conhece bem os meandros dos subsídios culturais escrevia no Público:
"Ao contrário da vasta maioria dos meus colegas das artes a ideia de um Ministério da Cultura nunca me entusiasmou. Por razões bastante evidentes. Desde logo, porque a cultura do ponto de vista da política é invariavelmente populista e conservadora. Para o governo, qualquer governo, o Ministério da Cultura tende a ser uma espécie de relações públicas, com um Ministro em constantes inaugurações, salamaleques, elogios aos criadores, grandes discursos sobre a portugalidade e outras banalidades de base. No mesmo plano, as inevitáveis ingerências na produção cultural, umas diretas por escolha, outras indiretas por via dos apoios e subsídios, raramente se destacam da mediania, do gosto corrente, do já adquirido, reforçando assim o conservadorismo cultural. A cultura nas mãos do Estado é irremediavelmente regressiva e um obstáculo à criatividade e inovação..."
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