A União Europeia decide hoje resposta a ataques terroristas, lê-se aqui, mas é certamente um exagero editorial. Ninguém, minimamente conhecedor dos meandros políticos em que se enleiam os burocratas comunitários em Bruxelas, pode acreditar que hoje, já hoje, eles sejam capazes de mobilizar os meios conjuntos necessários ao ataque aos ataques terroristas que estoiram mesmo ao seu lado. A União Europeia subsiste demasiado desunida para responder a este e a todos os desafios que exigem dos europeus um sentido de cidadania europeia. Um sentido que não existe, nunca existiu, e parece que se esvai até a intenção de que venha a existir de cada vez que esse sentido é posto à prova.
"I don´t love Brussels, I love Britain", afirmou há poucos dias David Cameron.
Como, muito pertinentemente, se registava aqui, a afirmação de Cameron, aliás proferida num contexto de mobilização para a permanência do Reino Unido na União Europeia, só é chocante quando ouvida a quente; friamente, a subsistência dos nacionalismos no seio da União tem constituído, e tudo leva a crer que continuará a constituir, o grande obstáculo a uma união política que lhe justifique o nome.
Quem é que "ama Bruxelas?". Ninguém.
O terrorismo, e muito particularmente o terrorismo suicida mobilizado por interpretações sectárias do Corão, sendo inevitável pode ser minimizado. Propostas de combate ao flagelo não faltam, mas, como na história dos ratos que decidiram colocar o guizo no pescoço do gato*, falta aos líderes da UE capacidade para mobilizar os europeus no sentido de transformar uma união nominal numa união efectiva.
E falta ainda aos líderes do mundo ocidental, aquele em que prevalecem valores culturais, para nós inalienáveis, combater os que, material e ideologicamente, suportam o terror espalhado pelos bombistas suicidas com o objectivo declarado de destruir esses valores.
Se os fanáticos islâmicos detêm um poder militar tão flagrante, quem é que lhes fornece as armas e lhes municia as mentes e os estômagos?
A Arábia Saudita, por exemplo, nem sequer é suspeita porque é um patrocinador confesso das interpretações corânicas que recompensam os suicidas bombistas no além realidade. Quem e quando vai alguém ser capaz de lhe colocar o guizo? Quando é que a hipocrisia internacional deixa de derramar lágrimas de crocodilo em Bruxelas, Paris, Istambul, Madrid, Londres, Nova Iorque, além de outros locais onde morreram, e irão morrer, inocentes por nenhuma causa?
Correl. -
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* Os ratos reunidos em conselho
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