Tuesday, March 08, 2016

O QUE É QUE MARCELO PODE FAZER POR ESTE PAÍS?

Marcelo toma posse amanhã; depois de amanhã chegam a Lisboa Pierre Moscovici, comissário europeu para os assuntos económicos e financeiros e Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, para conversações com o primeiro-ministro António Costa. Sendo Moscovici membro do partido socialista francês e Dijsselbloem membro do partido trabalhista holandês, não é esperável que entre os três possam interpor-se obstáculos de índole ideológica. 

Mas o cariz seco e despachado - cf. aqui - com que responderam à jornalista que os entrevistou acerca do comunicado do Eurogrupo que insiste na introdução de medidas de austeridade adicionais - o famigerado Plano B -  numa altura em que o OE 2016 ainda não foi aprovado na especialidade, faz prever um embate difícil para o governo português, entalado entre a espada de Bruxelas e a parede dos parceiros acidentais.

"Não é uma questão de "se", mas de "quando" terão de ser implementadas por Portugal as medidas de austeridade alternativas para corrigir o défice deste ano, aponta o comunicado do Eurogrupo sobre Portugal", repetido por Dijsselbloem na entrevista. Queres acrescentar alguma coisa, Moscovici? Só para esclarecer que o "se" e "quando" significa que têm de ser implementadas e na quinta-feira estaremos em Lisboa. Resumindo: não esperam sequer pelos primeiros resultados da execução do OE em discussão na especialidade na AR. 

O que pode fazer Marcelo Rebelo de Sousa, a quem vai ser submetida para promulgação a lei do OE 2016, para desbloquear o confronto já desenhado entre a Comissão Europeia e o governo português? Se as razões do primeiro-ministro não forem compreendidas pelos seus interlocutores socialistas,  o PR, que não participa em nenhum órgão decisor da União Europeia, tem apenas um poder de influência sobre o primeiro-ministro. Discreto, se cooperar com o governo, público, "se" e "quando" discordar abertamente com ele. 

A crise em ambiente comunitário coloca o Presidente da República na posição ingrata de apoiar, explicita ou implicitamente, as decisões do governo ou entrar, activa ou passivamente, em confronto com ele.

Haverá terceira via, Prof. Marcelo?



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