Friday, February 05, 2016

OS ABUTRES À VOLTA*

UM

O Secretário de Estado Adjunto, do Tesouro e Finanças, vd. aqui“solicitou aos serviços do Ministério das Finanças a averiguação da conformidade” da última tranche do aumento de capital no banco Efisa, feita pelo Estado no final do ano passado, alegando que não foi informado dessa operação pela administração da Participadas, a empresa pública que concretizou a injecção de capital.

Só este início de notícia suscitaria uma interrogação enorme se não se desse  caso de se saber, por gravosa experiência, que neste país há muito gestor público a funcionar em roda livre por conta dos impostos que mais tarde somos, os tansos fiscais, chamados a pagar. Mas toda a notícia é confirmação desta afrontosa realidade: uma pseudo-empresa, congeminada para minorar as perdas resultantes da alienação dos salvados de um escândalo, estoirado há oito anos mas ainda por julgar, decidiu, sem dar conta à tutela, avançar com mais fundos (12,5 milhões) para aumento de capital  de um banco fantasma.

Tudo isto em sequência de outras entradas, sempre por conta dos tansos fiscais, e com invocada idêntica finalidade, decididas pelo governo anterior, que somaram 90 milhões de euros (37,5 milhões em 2014 e 52,5 milhões em 2015). 

O banco fantasma, que se chamou Efisa, não foi integrado no pacote de activos e passivos do ex-BPN vendidos por tuta-e-meia a amigos do sr. Mira Amaral, que o tinham feito presidente do BIC, outro banco dominado pelos seus amigos angolanos. Depois o Efisa foi vendido por 38 milhões a uma sociedade de capitais portugueses e angolanos da qual faz parte o ex-ministro do PSD Miguel Relvas.

Incomodado com a notícia, o sr. Passos Coelho entendeu afirmar que, vd. aqui, durante o período em que foi  Primeiro-Ministro não tomou nem mandou tomar nenhuma decisão de favorecimento fosse para quem fosse; e que ignora se Miguel Relvas é sócio da sociedade que adquiriu o Banco Efisa.

Acredite quem quiser.
O que eu não entendo, e penso que não é racionalmente entendível em boa fé, são as razões que levaram o governo anterior a sustentar um banco sem dimensão nem mérito para sobreviver à custa de impostos que somos obrigados a pagar.
Entendeu o sr. Passos Coelho? Se entendeu, não esclareceu.
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* Sem ofensa aos bichos.
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OUTRO

"As autoridades judiciais congelaram uma transferência de 10 milhões de euros, que seria o sinal usado pelo consórcio encabeçado por José Veiga para pagar o Banco Internacional de Cabo Verde (BICV) um activo do Novo Banco avaliado em 14 milhões" - cf. aqui

Os banqueiros de rapina vieram para ficar.

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