O OE 2016 será aprovado na generalidade e depois na especialidade com alterações mínimas, porque não pode afastar-se dos compromissos assumidos pelo Governo com Bruxelas e os partidos da maioria parlamentar de esquerda não podem, para já, esticar até à ruptura as cordas que os atam sob pena de irremediavelmente tropeçarem todos. Tal não significa que não haja no parlamento dramatização mais que suficiente, inerente a qualquer espectáculo que procure prender aos ecrãs os olhos e os ouvidos dos senhores telespectadores.
O problema, já todos percebemos, estará na execução. Aliás, nunca deixou de estar a partir do momento em que as circunstâncias externas nos acordaram do sonho em que o crédito desenfreadamente importado tinha embalado o país, enquanto os políticos atiravam foguetes pelas suas vitórias eleitorais e os banqueiros pelos lucros astronómicos dos seus bancos.
Na execução é que a porca torce o rabo.
E já se ouvem os primeiros roncos do animal.
Ontem, estiveram reunidos com o primeiro-ministro e o ministro do Trabalho a CGTP e a UGT.
No fim da reunião, o sr. Arménio Carlos, o efectivo líder da esquerda comunista, assegurou, muito decidido a fazer por isso, que as 35 horas semanais serão praticadas em simultâneo em toda a função pública. O primeiro-ministro não desmentiu, o ministro do Trabalho titubeou, o ministro das Finanças, que não esteve presente nesta reunião, continuou a afirmar a decisão de a reversão às 35 horas não poder implicar aumentos de despesa pública.
Em que ficamos?
Recua o sr. Arménio Carlos ou demite-se o sr. Mário Centeno?
Incontornável é o aumento da despesa em consequência da redução generalizada do horário de trabalho da função pública para as 35 horas semanais. Numa altura em que Portugal começa a ficar debaixo de fogo dos mercados financeiros e da obliquidade do sr. Schäuble, a guerra das 35 horas é uma guerra perdida mesmo que, a curto prazo, alguém a julgue ter ganho.
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