Friday, December 18, 2015

TRUMP E OS OUTROS

Trump vai de vento em popa.
Os resultados de uma sondagem publicados no Washington Post de há quatro dias atrás revelam que, vd. aqui, "uma clara maioria (60%) de norte-americanos opõe-se à proibição de entrada de muçulmanos no país proposta por Donald Trump, mas a maioria dos Republicanos (59%) aprova-a."
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Por outro lado, a mesma sondagem atribui a Trump, vd. aqui, 38% das intenções de voto dos Republicanos, bem longe dos 15% do segundo melhor classificado. 
Aonde quer que se desloque, Trump arrasta os media e estes motivam multidões de seguidores que o aplaudem entusiasmados e se sobrepõem às vaias de alguns opositores temerários que apareçam para estragar a festa. Aconteceu ontem, vd. aqui. em Phoenix (Arizona), nada sugere que ao movimento Trump sustentado basicamente na mensagem xenófoba, contra os sul-americanos e os islâmicos, se venha a opor com sucesso alguma tentativa interna para o desalojar como candidato dos Republicanos nas eleições presidenciais de 8 de Novembro do próximo ano.

Pelo contrário, os outros candidatos estão a aceitar jogar no campo e segundo as regras que Trump escolheu, a questão da segregação na imigração está a sobrepor-se a qualquer outro tema. E quanto mais ele exacerba o discurso xenófobo mais aumenta a distância que o separa dos restantes. 

Na Europa, e não só em França, ainda que sejam mais perceptíveis os confrontos que ali se observam,
os dramas dos refugiados procedentes de países islâmicos sensibilizam uns mas aperreiam as animosidades de outros. E em França, Marine Le Pen progride nos resultados eleitorais, obrigando os outros a inclinarem-se para as suas propostas. Marine como Donald ou, porque foi ela quem deu o mote, Trump como Marine. 

A propósito da vaga populista anti-imigração, lia-se, aqui, no Economist desta semana (The march of Europe´s little Trumps) que os partidos xenófobos foram durante muito tempo ostracizados pelos partidos dominantes. E relembra que os grupos populistas anti-imigrantes começaram a formar-se na Europa na década de 60 quando começaram a aquecer os debates sobre o Islão e a integração de imigrantes islâmicos. Os choques provocados pela introdução do euro vieram impulsionar o euro cepticismo e a relançar o debate anti-imigração, colocando-o no centro das atenções e dos confrontos ideológicos com a entrada massiva de refugiados à procura de abrigos na Europa. 

Para onde caminhará o mundo comandado por Trump dum lado e Le Pen do outro, ninguém sabe. 
Esperemos que essa hipótese, possível, não se concretize. 
Os partidos populistas não podem ser ignorados, conclui em título o artigo cit. do Economist.
Falta saber como confrontá-los.

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Ainda a propósito deste tema, dois artigos publicados em Maio de 2013 no Washington Post merecem uma leitura atenta: 


Mudaram-se as vontades assim tanto nos dois últimos anos?


(clicar nas imagens para aumentar)







Na foto - Menores sul-americanos são capturados pela polícia do Texas quando tentam atravessar a fronteira dos EUA com o México

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