O Governo entregou o seu programa na AR, que é ipsisverbis o programa com que o partido que apoia o governo concorreu às legislativas. Podia ser de outro modo? Não creio.
A alteração do programa só faria sentido se o Governo resultasse de uma coligação pós eleitoral, que não aconteceu. Sendo um Governo monopartidário, o seu programa, coerentemente, só pode corresponder ao programa com que o partido chamado a formar governo se apresentou aos eleitores.
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Não tendo a maioria dos eleitores votado no partido que suporta o Governo, por serem as posições dos partidos da oposição, geralmente, contraditórias entre si, qualquer ajustamento do programa do maior partido minoritário a uma qualquer das diferentes posições dos outros reduziria eventualmente a base de apoio ao programa revisto. Dito de outro modo, qualquer alteração ao programa do partido que apoia o governo antes da discussão na AR para acolher uma qualquer proposta de um partido da oposição reduz a base de apoio popular se o número daqueles que votaram também em função dessa proposta (pelo partido da oposição em causa) for menor do que aqueles que consideraram crítico para o seu voto no partido que apoia o governo a proposta alterada.
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Há uma excepção notável: a da suspensão da avaliação dos professores, relativamente à qual, segundo as notícias, hà uma frente comum das oposições*. Que deve fazer o Governo neste caso? Manter as suas propostas ou ceder à frente comum?
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Muito provavelmente acabará por ceder.
O que constituirá uma vitória de Pirro para os partidos alternativos de governo: quando forem governo, terão de se confrontar com a redobrada força dos sindicatos e a continuação da ausência de exigência nas escolas. Perderá o país.
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*Oposição insiste na suspensão da avaliação
Da esquerda à direita, os partidos da oposição respondem no mesmo tom às declarações de hoje do ministro dos Assuntos Parlamentares: sem a suspensão do actual modelo não é possível construir outro.
Da esquerda à direita, os partidos da oposição respondem no mesmo tom às declarações de hoje do ministro dos Assuntos Parlamentares: sem a suspensão do actual modelo não é possível construir outro.
4 comments:
Porque não querem ser avaliados'
Medo da sua ineficácia.
Durante muito tempo, ia para professor quem não conseguia ir para mais nada.
Ou seja, os incapazes iam para o ensino.
o resultado está à vista.Nunca esteve pior e cada vez piora mais.
Avaliação, sim senhor e quem não serve, RUA!!!
Toda a gente tem de ser avaliada, mas com rigor e isenção.
Contra os padrinhos, afilhados e corruptos, marchar,marchar!
"... ia para professor quem não conseguia ir para mais nada."
Caro António,
Nem todos, nem todos.
Claro que nem todos.
Há quem tenha vocação, mas conheci muitos, mesmo muitos que tinham o ensino como ultimo recurso.Nem se importavam muito de serem colocados onde o judas perdeu as botas.
Logo se veria.
Começavam por aí, por sítios para onde ningúem queria ir.
Quem se importava se os coitaditos dos matarruanos sabiam ler coisa de jeito e fazer contas?
Adiante se veria, outro para lá iria e talvez com sorte e uma cunhazita, da próxima vez ficasse mais perto de casa.
Paulativamente, o caminho fazia-se caminhando.
Sempre a subir, quando não, greve!
Por isso a avaliação assusta.
Pudera, podem-se descobrir os podres e que afinal o avaliado fazia melhor em mudar de vida.
Mesmo em cima da hora:
"O bloco de esquerda propôs hoje um modelo de avaliação em que os professores fazem a sua própria avaliação e em que os resultados dos alunos não contam. É uma proposta revolucionária onde se privileigia a autoestima de cada um."
Quer uma anedota melhor que esta, ou assim está bem?
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