Friday, September 18, 2009

SAUDADES DE CARAPAU


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Quem quiser bacalhau, chouriço ou outras especialidades portuguesas do género, aqui nos States, pode comprar em algumas lojas estabelecidas nas zonas preferidas pelos emigrantes lusos. O bacalhau vem da Noruega, já seco e salgado à nossa maneira, o chouriço é feito por salsicheiros locais, tugas ou não, que dominam a arte. Os vinhos vêm de Portugal, as águas, os sumos e os cafés também. E ainda arroz e bolacha Maria. E as cervejas.

Ontem passámos pelo "European Food Export Import, Inc.", uma loja em Arlington à procura de bacalhau. O dono do estabelecimento, sempre muito atencioso, estava completamente embrenhado no jogo do Benfica-Uma equipa russa qualquer, ganhava o glorioso por 2-0. Havia peixe fresco, vindo de Portugal no avião da TAP até Newark, e dali, em camião durante mais de 400 quilómetros: robalo e dourada de piscicultura e chicharro ou carapau crescido, tudo com olhar cansado. Pelas nossas contas, a dourada custava 13 euros o quilo, o robalo 11 e o carapau 9. Nada caro, considerando a viagem.
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Vem isto também a propósito de um folheto que estava a ser distribuído em restaurantes de Vancouver, e que apela à preferência que deve ser dada às produções locais tendo em conta os custos ambientais que o transporte à distância implica mas que não é perceptível porque não é pago à parte.
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Muito próximo da tal loja portuguesa de Arlington, do outro lado do Potomac, não muito longe da Casa Branca, há um mercado de peixe, todos os dias, melhor abastecido que qualquer um em Portugal. E os preços são bem mais baixos que os nossos. Pelo preço do carapau, aqui, compra-se lagosta do Maine.
E o que é curioso nestas coisas é que em Portugal os supermercados estão cheios de produtos estrangeiros que as pessoas compram sem olhar à origem.
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Até carapaus.
E bacalhau, naturalmente.

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