Wednesday, July 13, 2016

IRONIA E REALIDADE

Enquanto Portugal se indigna com a iniquidade das sanções que estão a chegar da União Europeia e o governo português prepara a lista das atenuantes em defesa da redução da pena, os noticiários económicos relatam o espanto dos economistas de todo o mundo pelo crescimento de 26,3% do PIB da Irlanda em 2015. 



Como é que isto aconteceu?
As respostas são unânimes: A baixa taxa de impostos que a Irlanda cobra às empresas (IRC de 12,5%) continuam a atrair cada vez mais multinacionais. - cf. aquiaquiaquiaqui, por exemplo. 

Entretanto, em Portugal a economia continua balbuciante e o sistema financeiro a naufragar, enredado nas malhas rotas que forjou. 


Não de propósito, recebemos hoje de pessoa amiga uma laracha, via e-mail:



"... Os portugueses já podem ser felizes porque têm quem trate das suas coisas ...

- da banca, os espanhóis;
- da electricidade, os chineses;
- dos combustíveis, os angolanos;
- da TAP, os brasileiros e os chineses;
- dos aeroportos e espaço aéreo, os franceses;
- dos correios, os ingleses, os franceses, os alemães e os noruegueses; (os noruegueses também nos tratam do bacalhau, acrescento eu)
- das comunicações, os angolanos e os franceses;
- da moeda, o Banco Central Europeu;
- do governo, a Comissão Europeia;"

A lista está longe de ser completa (ocorrem-me, por exemplo, os holandeses na Sociedade Central de Cervejas (100%) e os dinamarqueses na Unicer (44%).

É a presença do investimento estrangeiro culpada do nosso arrastamento?
É muito óbvio que não, e o exemplo irlandês é a prova concludente do contrário. 
Sem investimento estrangeiro Portugal não conseguirá atingir níveis de crescimento que o desafoguem das águas estagnadas em que mergulhou. Do que Portugal não precisa é de investimento financeiro, improdutivo, aquele que entra para comprar o que existe e cobrar as rendas dos capitais aplicados em actividades de monopólio de facto. 

Observe-se que a Irlanda não oferece apenas taxas reduzidas de impostos às multinacionais. Oferece-lhes também competências. Ao Reino Unido, após o Brexit, presta-se para oferecer-se como relais nas relações financeiras com a UE. 
E, nós, como vamos de competências futuras?

Porquê?  O ministro Mário Nogueira deve saber. 
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