A subsistência de edifícios em estado de degradação avançada mesmo em zonas de prestígio de algumas cidades e vilas em Portugal é garantida pela incúria, pela incompetência ou pela conivência, activa ou passiva, dos autarcas mas também pela inconsciência cívica dos cidadãos residentes. Cascais, já o tenho anotado algumas vezes neste bloco de notas, ostenta vários exemplares de prédios abandonados, degradados, as janelas e portas emparedadas, logo à entrada da Vila para quem vem de Lisboa pela Marginal ou desce a Avenida de Sintra, à espera há longos anos não sabemos de quê.
Anteontem, já ao cair da tarde, enquanto aguardava a entrada no Mirita Casimiro, tentei perceber que razões poderiam sustentar o monstro de cimento armado a cair aos pedaços que ocupa a área do quarteirão em frente.
Na Net há várias entradas explicativas do fenómeno mas nenhuma é concludente das razões que continuam a manter o monstro de pé. Curiosamente, o BPI, proprietário do prédio publicava aqui em Agosto do ano passado uma resenha do passado e do previsível futuro daquelas ruínas.
"Foi o primeiro centro comercial do país, inaugurado em 1951, no Monte Estoril, muito antes de surgir a primeira vaga de shoppings liderada pelo Apolo 70, que só viria a abrir portas em 1971. O centro comercial Cruzeiro era então um fervilhante ponto de encontro de uma classe social privilegiada e cosmopolita que incluía muitos estrangeiros endinheirados, que em Portugal tinham encontrado um refúgio seguro durante a segunda guerra mundial.
Devoluto há anos, o edifício Cruzeiro que chegou a ter um projeto habitacional previsto pelo banco BPI, proprietário do imóvel, vai afinal ter um outro fim. A Câmara de Cascais já chegou a acordo com o BPI, numa compra avaliada em 100 mil euros, estando agora o processo a seguir os trâmites legais. A ideia, diz o presidente da autarquia, Carlos Carreiras "é fazer do Cruzeiro uma nova centralidade no Estoril, dedicada às artes, caso o edifício tenha condições estruturais para tal, caso assim não seja e no cumprimento do acordo que estabelecemos com o BPI, só poderá ser um espaço público, mais concretamente um jardim".
À semelhança do Cruzeiro, muitos outros edifícios abandonados há décadas, começam agora a vislumbrar novos usos. O agravamento do IMI para imóveis devolutos, o aumento do turismo e o consequente interesse imobiliário por certas zonas, está a estimular a recuperação do edificado."
Devoluto há anos, o edifício Cruzeiro que chegou a ter um projeto habitacional previsto pelo banco BPI, proprietário do imóvel, vai afinal ter um outro fim. A Câmara de Cascais já chegou a acordo com o BPI, numa compra avaliada em 100 mil euros, estando agora o processo a seguir os trâmites legais. A ideia, diz o presidente da autarquia, Carlos Carreiras "é fazer do Cruzeiro uma nova centralidade no Estoril, dedicada às artes, caso o edifício tenha condições estruturais para tal, caso assim não seja e no cumprimento do acordo que estabelecemos com o BPI, só poderá ser um espaço público, mais concretamente um jardim".
À semelhança do Cruzeiro, muitos outros edifícios abandonados há décadas, começam agora a vislumbrar novos usos. O agravamento do IMI para imóveis devolutos, o aumento do turismo e o consequente interesse imobiliário por certas zonas, está a estimular a recuperação do edificado."
Por onde andarão agora as elucubrações camarárias, só eles sabem.
Por agora limitaram-se a colocar cartazes a avisar que andar por ali é perigoso por risco de queda de fragmentos da fachada, e que se encontra em processo de apreciação na Câmara desde Março de 2013 um pedido de demolição.
Registe-se que no rés-do-chão se mantém firme e temerária a "Farmácia Silveira", que poderá eventualmente vender uns pensos se calhar cair um calhau em cima da tola de um confiante cliente ou passante.
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