São quase incontáveis aqueles que, depois de alguns anos de exercício em funções públicas, saltam para funções privadas onde cobram rendimentos das relações e informações angariadas durante o período de investimento político.
É assim em todo o lado? Talvez.
Neste, como em muitos outros casos que, por envolverem políticos, são notícia, não é a originalidade mas a intensidade da frequência relativa, porque o couto de caça é curto, que mais os distingue. Aliás, para além dos que saltam para o outro campo, há aqueles que, enquanto não saltam, mantêm, clara ou disfarçadamente, um pé em cada lado.
Ainda há poucos dias, despediu-se da política activa, pelo menos por algum tempo, e para aplicação na esfera privada dos conhecimentos adquiridos na esfera pública, o vice-primeiro-ministro do Governo anterior que, além de outras funções governativas, foi ministro de Estado e da Defesa no XV Governo.
Mas a notícia de hoje dando conta que o ex-presidente da Comissão Europeia, primeiro-ministro do XV Governo, foi convidado para "chaiman", com funções não executivas, da filial de Goldman Sachs em Londres será certamente a mais retumbante. Segundo o Financial Times, o colosso bancário norte-americano recrutou José Manuel Barroso com funções nominais de "chairman" e efectivas como consultor para políticas de orientação na execução do Brexit.
Em Janeiro de 2014, vd. aqui, José Luís Arnaut, que foi secretário-geral do PSD, foi nomeado membro do conselho consultivo do Goldman Sachs.
A propósito, disse esta tarde o chefe de Estado gostar de ver portugueses em lugares cimeiros.
Também eu, se a ascensão não se apoiar nos ombros dos interesses do país.
Barroso, é forçoso relembrar, abandonou o país em situação, segundo ele, de tanga, e foi à sua vida com o beneplácito do chefe de Estado da altura.
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