Expresso - Por que é que essa lógica (de participação num governo de coligação como em algumas autarquias) não vale para o governo?
Sr. Jerónimo de Sousa
- Não vale para o governo porque aí envolve uma participação e uma
corresponsabilização. Tendo em conta a relação de forças existente,
acabaríamos porser um bocado a voz da consciência, o grilo falante. Para
isso não contem com o PCP.
Mudou alguma coisa entre Maio de 2011 e Outubro de 2015?
Em
Junho de 2011 a coligação PSD/CDS obtinha uma maioria absoluta na AR;
em Setembro de 2015 a coligação de direita perde a maioria absoluta no
parlamento mas o PSD é o partido mais votado.
E agora?
Abdicará o PCP da sua "política patriótica de esquerda", resignando-se "à política de direita do PS", "dando uma mão ao líder do PS" que, de outro modo, dificilmente se aguentará no seu posto após o Congresso socialista?
Aceitará o BE, atraído pelo perfume do poder, esquecer o que prometeu
durante a campanha eleitoral? Não é credível nem promissor, mas é
possível.
O ainda líder do PS, no discurso de reconhecimento dos resultados das eleições, recusou demitir-se e deixar de cumprir as obrigações assumidas pelo seu partido, nomeadamente perante as instituições europeias. Depois o PR indigitou o Sr. Passos Coelho para conversações com o PS para um entendimento que permita a estabilidade governativa que o país precisa. Seria insólito
que um dia destes o Sr. Antonio Costa se apresentasse em Belém como
líder de uma coligação maioritária, eventualmente muito instável.
2 comments:
"...atraído pelo perfume do poder,..."
Supondo que este perfume atrai também outros olfactos, temos uma análise do que pode mover a classe política em geral, e por isso, não nos devemos admirar com as percentagens da abstenção!
António Costa sabe que formar governo com o PCP e o BE seria suicidário.
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