- Uniu o PS, claro que uniu o PS. Está toda a gente de acordo que o discurso foi despropositadamente agressivo e até anticonstitucional. O PR não é líder de nenhum partido e este, com este discurso, apelou à rebelião no grupo parlamentar socialista provocando uma reacção naturalmente contrária.
- Talvez tenhas razão, talvez muita gente, ...
- Muita? Toda! Só um mentecapto é capaz de arranjar argumentos para justificar o injustificável.
- Obrigado pelo cumprimento. Mas, diz-me, se o discurso do PR modificou a atitude, e eventualmente o sentido do voto, de alguns deputados do PS, isso significa que os interesses partidários são de ordem superior aos interesses nacionais, não?
- Não. De modo algum. No PS os interesses nacionais sobrepõem-se aos interesses partidários. O que é que te leva a admitir o contrário?
- O instinto de grupo motivado pelo discurso do PR.
- E por que não podem os interesses nacionais ser comungados por um grupo partidário?
- Aqueles que defendem o "centralismo democrático" das decisões partidárias acham que sim. Mas não é esse o modelo de decisão partidária em democracia, que privilegia a liberdade de expressão individual dos deputados. Aliás, o direito de cada deputado utilizar o seu voto do modo que a sua consciência o aconselha é um direito consagrado na Constituição de qualquer país democrático, incluindo, naturalmente, o nosso.
- O PS não recebe lições de democracia de ninguém!
- Também estou convicto disso. Só não entendo esta unanimidade anunciada.
- Essa é boa! É proibida a unanimidade? É normal a disciplina de voto em três ou quatro matérias nucleares da política de cada partido.
- Pois é, mas neste caso o que está em causa, antes de mais, é um acordo, original, com dois partidos com vectores políticos na ordem externa opostos dos que o PS defende. E a unanimidade não é proibida mas é suspeita quando é anunciada.
- Pois é, mas neste caso o que está em causa, antes de mais, é um acordo, original, com dois partidos com vectores políticos na ordem externa opostos dos que o PS defende. E a unanimidade não é proibida mas é suspeita quando é anunciada.
- Quem é que anunciou?
- É o que diz quase toda a gente, que o discurso do PR terá o condão de unir o PS à volta do seu líder, sem gente tresmalhada.
- Terá? Já teve na eleição do Ferro para presidente da AR sem votos contra no partido.
- Conhecem dos deputados do PS os termos do acordo anunciado entre o PS, o BE e o PCP?
- Claro que não. O acordo ainda não está fechado ...
- Então como podem os deputados assumir a votação unânime de um documento que nenhum deles conhece? Como pode haver unanimidade num partido democrático sobre um assunto que, pela sua natureza, é controverso?
- É normal o entendimento em compromissos mínimos.
- E pode o País ser governado com base em compromissos mínimos?
- Para começar, pode.
- E, depois?
- Logo se vê.
2 comments:
Muito bom.
Obrigado IsabelPS.
Volte sempre!
Post a Comment