Thursday, February 27, 2014

PORTUGAL MENOR

Juízes exigem, (propõem, pedem, são utilizados os três termos na notícia),

- que o Estatuto dos Magistrados Judiciais seja separado de qualquer remissão para a Função Pública e dos titulares de cargos políticos,
atribuindo-lhe regime autónomo, que determine
- blindagem do seu estatuto remuneratório, para que possam as magistraturas
- receber um salário correspondente às suas funções,
livre de mudanças por lei orçamental, e 
- um suplemento de exclusividade, para salvaguarda da independência das magistraturas e do princípio da separação de poderes
- abolindo-se os tectos máximos aos salários e a indexação ao vencimento do Presidente da República,
- admitindo uma redução de salários como contribuição em caso de crise económica nunca superior a um ano e a 3%. 

 A Associação Sindical dos Juízes Portugueses volta a assumir-se como representante de uma classe a quem serão devidos tributos especiais pelo exercício de funções com isenção e independência que, implicitamente, parece não admitir serem também exigidas a quem exerce cargos públicos ou realiza outras funções do Estado, na saúde, na defesa, na segurança, no ensino. Ou sugere a ASJP que as outras funções do Estado, a começar pela magistratura suprema, não têm que ser realizadas com isenção e independência?

Que o senhor Juíz Conselheiro do Tribunal de Contas Mouraz de Carvalho, enquanto presidente da APJP, reclame melhores vencimentos para a classe que representa, percebe-se perfeitamente. É essa uma das funções primordiais dos sindicalistas, ainda que seja estranha a representatividade sindical dos membros de um órgão do Estado. Que ele fundamente a reivindicação com argumentos que não são privativos da classe é chocante. E tanto mais chocante quanto é conhecida a nada lisongeira imagem da classe junto da opinião pública.  

3 comments:

Unknown said...

Realmente é obsceno o que certas corporações tipo Brigada das Colheres á volta do tacho público entendem ser os seus legitimos direitos. Ou os cidadãos abrem os olhos e aprendem a votar ou vão ter as cangas mais ou menos pesadas sempre a carregar.

Rui Fonseca said...
This comment has been removed by the author.
Rui Fonseca said...


Os cidadãos, em geral, fazem o que vêem as elites fazer.

Penso que não é uma questão de voto mas de falta de civismo colectivo que, lamentavelmente, não se injecta como qualquer vacina.

Melhorará com o tempo.Espero.