A troica apreendeu-nos a carta de condução, subordinando a capacidade de gestão dos portugueses a regras que os credores impuseram, mais algumas com que a troica sobrecarregou a pena. Não obstante essas limitações externas, as situações de condução desastrada persistem, a impunidade anda à solta, a justiça não acorda, os transgressores premiados, o ouro entregue aos bandidos. Lamentavelmente, as limitações impostas pela troica não atingem este laxismo das instituições, a falta de civismo cívico, de indecência nacional. Os processos mediáticos engordam-se nos tribunais com recursos dilatórios e manobras que num país a sério seriam repugnantes. Aqui, merecem à sociedade inibida de conduzir-se, quanto muito um encolher de ombros para relaxar e continuar para o lado.
O Expresso de hoje relembra a situação, que seria impensável em qualquer país com carta de condução, de estarem a gerir os salvados do BPN alguns daqueles que foram, reconhecidamente, responsáveis pelas manobras criminosas que provocaram o desmoronamento do mostrengo em cima dos contribuintes portugueses. Um fulano, que presumo ter formação jurídica, foi director e administrador do BPN, foi condenado pelo Banco de Portugal a uma multa de 200 mil euros e inibido de trabalhar em instituições financeiras. Pois esse mesmo indivíduo é desde Julho director de assuntos jurídicos e de contencioso da Parvalorem, uma das empresas inventadas para recuperar os activos desmoronados!
Outro, foi administrador financeiro, responsável pelo BPN Cayman, depois director de contencioso do banco, condenado pelo Banco de Portugal a uma multa de 175 mil euros e a uma inibição de três anos em instituições financeiras, é desde Julho adjunto do anterior. Outro, foi administrador do BPN, depois administrador da Parvalorem, agora trabalha na recuperação de créditos. Outro, foi director do departamento de risco do BPN, hoje analisa o risco da direcção de recuperação sul da Parvalorem. Outro, foi director da área comercial e de empresas do BPN, agora é director da zona sul da direcção de recuperação de crédito. Outro, acusado pelo Banco de Portugal num processo de contraordenação relacionado com prática de falsificação de contabilidade e o não cumprimento de regras contabilísticas, é responsável na Parvalorem por uma área de recuperação de crédito.
Propõe-se o Governo promover a discussão dos limites do Estado. Acho bem. Temos um Estado desmesurado para a nossa capacidade de mobilização colectiva. Mas mais do que reduzir o Estado à nossa capacidade para conviver cívicamente com ele é condição necessária à subsistência da democracia que sejam revistos os institutos, a começar pela Constituição, que a podem sustentar. Sem valores morais de referência, nenhuma sociedade é perduravelmente livre porque acaba por ser assaltada pelos canalhas.
3 comments:
Não posso estar mais de acordo com tudo o que foi escrito!
Como e que o Gaspar tem cara para nomear os administradores da Parvalorem, para dar continuidade as vigarices do BPN e roubar depois as pensões aos reformados.
O vigarista do Aprigio Santos e os outros não pagaram,nem pagam nada daquilo que roubaram!
Como e que o palhaço do Passos Coelho assiste a isto tudo e vem depois com os discursos de carneirinho no Natal,...isto para não falar do Cavaco que colabora porque
os amiguinhos dele estão também por lá .
Os nomeados estão por dentro dos assuntos, logo chegam melhor ao dinheiro perdido...
Mas para onde e que vamos com esta pandilha, o Aprigio Santos e irmão gémeo do Relvas e o Passos Coelho padrinho de casamento e como prenda foi-lhe concedido 154 milhões de euros! ( desviados do BPN e pagos por nos!). - LADROES!
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