Havia alguma curiosidade à volta do programa de ontem de Judite de Sousa, de olhos nos olhos com Medina Carreira, se JS abordaria o facto das buscas da Judiciária feitas à casa e ao escritório do fiscalista/comentador televisivo no âmbito dop processo "Monte Branco". Abordou, já a terminar o programa, mas a resposta de Medina Carreira: "é assunto sobre o qual não falarei; não gosto que os investigadores falem, eu também não falarei" foi surpreendente.
E foi surpreendente porque, estando em causa o seu bom nome (apesar de, ao que se sabe, não ter sido constituido arguido, e de ter sido noticiado que o nome Medina Carreira teria sido utilizado como código na lista dos envolvidos no caso em questão) ele não tenha aproveitado a oportunidade para cascar ao seu estilo em quem, sem razão aparente, lhe invade a casa e avisa antecipadamente a impensa da diligência.
Sendo tão cáustico na apreciação que faz das instituições do Estado e, nomeadamente dos agentes da justiça, desde as polícias aos tribunais, seria esperável que desancasse em quem tinha obrigação de saber que: 1º. Não esperam os potencialmente, directa ou indirectamente, envolvidos num processo que já deu mil voltas, que a polícia lhes bata a porta e lhes vasculhe os arquivos para, antecipadamente, limpar tudo quanto possa confirmar quaisquer indícios de suposto envolvimento ; 2º. Tendo a Judiciária interrogado já alguns dos cabecilhas do processo é inconcebível que não tenha averiguado se o Medina Carreira indicado nas listas é a mesma pessoa que toda a gente conhece; 3º. Compete aos agentes da justiça conduzirem-se segundo as normas em vigor e, nomeadamente, não violar nem consentir que, nos termos da lei, seja violado o segredo de justiça. 4º. É por demais evidente que a presença da imprensa no momento da chegada da polícia só pode decorrer de informação ilegal fornecida aos jornalistas a partir de dentro da entidade que procede às buscas.
Tendo sido nomeada, recentemente, a senhor Procuradora Geral da República, foi já publicamente confrontada com duas situações em que foi público e notório subsistirem alguns dos graves entorses observados durante o reinado isabeliano do seu antecessor: fugas ao segedo de justiça, saídas em falso, esclarecimentos discriminatórios, mas nenhuma contrição, nem nenhum processo mediático ganho pelo Ministério Público.
Preferindo o silêncio, o menos que se pode dizer é que Medina Carreira não esteve, desta vez, igual a ele próprio. Porque se cala a vítima? Ficámos sem saber.
2 comments:
Aliás é um silêncio ensurdecedor. Com este silêncio todo quando falar o impacto é muito maior. É uma questão de economia...
'Não há fumo sem fogo'...sempre detestei os falsos moralistas...também será segredo de justiça os investigadores revelarem publicamente quem é(foi)o 'medina carreira' dos telefonemas?
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