Wednesday, September 21, 2016

ACORDO ENTRE A OUTRA MAIORIA

O sr. primeiro-ministro tem, como o outro, dois amores. Quando à esquerda lhe negam o contacto, dá meia volta e encontra braços abertos a aceitá-lo à direita. 
Até agora, a manobra tinha funcionado para tramar quem não pode escapar à tramóia, invocadamente receitada pela troica (sim , a troica ainda existe e promete continuar enquanto o paciente viver).
Agora,

"PS e PSD estão de acordo para pôr fim aos cortes das subvenções para os partidos. É o que aqui se diz, acrescentando que BE, CDS e PCP irão apresentar propostas para manter o regime actual".

Normalmente, nos casos em que na Assembleia da República são votados, aumentados ou mantidos, subsídios ou outros benefícios aos partidos políticos, aos grupos parlamentares ou aos deputados, a votação tem sido unânime. Desta vez, a outra maioria (PS+PSD) garante para todos os benefícios materiais em causa, e os partidos rebeldes (BE+PCP+CDS) ficam bem vistos na fotografia aos olhos dos seus admiradores, além de serem também beneficiários da votação da outra maioria.

Na reposição das subvenções vitalícias dos ex-titulares de cargos públicos, emergiu uma contestação a uma proposta nesse sentido que, na altura, prevaleceu contra a outra maioria na época (PDS+PS), mas o Tribunal Constitucional veio, mais tarde, a dar razão às reivindicações de alguns vitalícios, aproveitando todos os outros com a sentença do TC. - cf. aqui
Recorde-se que o TC tinha concordado com cortes em salários e pensões, financiadas pelos contributivos, alguns dos quais ainda se mantêm, em prol da austeridade para a sanidade das contas públicas.

Resumindo, parafraseando outro:  Há direitos adquiridos que são mais adquiridos que outros. 

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Correl . - (23/9) - País pobre, partidos ricos

2 comments:

Pinho Cardão said...

Caro Rui:
Por decoro, nem quero classificar essa "decisão" do PS e do PSD de acabar com os cortes de 10% às subvenções do Estado aos partidos. Claro que actuam em causa própria, distribuindo soberanamente para si uma parte do dinheiro dos contribuintes. O PS, e com dívidas de milhões, necessita de imediato apoio para evitar a falência, o PSD, indo a reboque, dá um jeito às suas finanças. Entretanto, vão-se insultando no Parlamento e fora dele, em tudo o que seja lugar público. Nós cá estamos para pagar.
Com estas lideranças não vamos lá, não!...

Rui Fonseca said...


Pois não, Caríssimo António!

Mas ninguém avança para disputar a liderança. Do lado do PSD, entenda-se.
Quando este governo cair (não há governo que não caia, mais tarde ou mais cedo) o mais provável é trocarem de posições os actuais protagonistas.