Wednesday, September 14, 2016

UE VERSUS EUA

Uma das questões mais recorrentes colocadas por aqueles que defendem, e é o meu caso, o euro como instrumento de integração europeia quando colocados perante os argumentos daqueles - Stiglitz, Krugman, entre muitos outros - que consideram que o euro está condenado como moeda do uma zona monetária que não é suficientemente políticamente integrada, é :

se os norte-americanos têm o dólar porque não pode o euro sustentar-se como moeda única numa zona única monetária europeia?

Para uma pergunta cândida, uma resposta óbvia: a União Europeia, e, particularmente a Zona Euro, não é uma federação de estados como os Estados Unidos da América. 

A diferença, que é enorme, explica não só as fortes turbulências observadas na Europa - que, por exemplo, ameaçam a permanência da Grécia, e não só, como membro da Zona Euro e, muito provavelmente, da União Europeia, e instigaram os resultados do referendo sobre o Brêxit - mas também as dificuldades da recuperação económica da União Europeia após 2008. Mesmo a Alemanha, fortemente superavitária na balança comercial, tem experimentado um crescimento económico débil de 0,9%/ano, desde então.
No mesmo lapso de tempo, que coincide com os dois mandatos da administração Obama, os EUA, onde a crise financeira tinha espoletado, conseguiram uma inversão rápida da recessão e um crescimento económico, débil, mas consistente, de 1,2%/ano.  
Por outro lado, enquanto a taxa de desemprego na Europa se mantém em níveis médios de dois dígitos, nos EUA o desemprego caiu de 11% no início da crise para cerca de 5%, actualmente. 

Hoje, lê-se aqui no Washington Post, que segundo relatório do "Census Bureau" publicado ontem, as  classes médias e pobres nos EUA obtiveram em 2015 o maior crescimento (+5,2%) de rendimentos familiares nas últimas décadas, sem, contudo terem recuperado para os níveis que dispunham antes da crise. A aparente disparidade esclarece-se pelo facto ter aumentado a desigualdade de rendimentos - o mesmo aconteceu na Europa - em consequência de mais apropriação das classes afluentes durante a crise. 

Se os membros da União Europeia não acelararem o processo de integração política, aproximando suficiente e adequadamente, as suas instituições daquelas que são imprescindíveis à sobrevivência da  moeda única, a UE não subsistirá com a configuração actual,obrigando à saída de alguns membros da Zona Euro, muito provavelmente os do Sul, ou de todos.
Isto é, resumidamente, o que diz Stiglitz. 
Até prova em contrário.

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