Saturday, September 10, 2016

O JOGO DA CABRA-CEGA



"O Sr. Juiz Carlos Alexandre, juiz de instrução no denominado processo Marquês, deu ontem [quinta-feira] uma entrevista à cadeia de televisão SIC onde referiu que "não tem contas bancárias em nome de amigos". Tal alusão, que nada vinha a propósito, não pode deixar de ser entendida - como o foi por todos os que a viram - como uma cobarde e injusta insinuação baseada na imputação que o Ministério Publico me fez no referido processo. Essa imputação, como já disse inúmeras vezes, é falsa, é injusta e é absurda. Nunca tive contas bancárias em nome de amigos. Todas as provas existentes no processo - testemunhais e documentais - confirmam que essa imputação não tem qualquer fundamento ...
... Na entrevista de ontem e, mais escandalosamente, sem que tivesse sido deduzida qualquer acusação por parte do Ministério Público, o Sr. juiz decidiu expressar publicamente que, afinal, sempre teve partido..."
" - José Sócrates / in Diário de Notícias

Seja qual for a suposição que se imagine sobre o carácter do ex-primeiro-ministro, ninguém, de boa fé, pode discordar que as palavras do Juíz Carlos Alexandre,  transcritas neste texto, exorbitam da isenção e independência de julgamento que constituem as mais elementares obrigações deontológicas da justiça. 

650 dias depois de ter sido preso, ainda não foi deduzida pelo Ministério Público acusação contra José Sócrates  por factos insistentemente anunciados nos media para julgamento na praça pública. 
Não faço a mínima ideia de qual será a sentença final neste processo, se, ao longo do longo caminho processual, ele não cair prescrito. 
Por agora, mantém-se a possibilidade de a Justiça portuguesa arrecadar o mais rotundo fracasso de sempre, e o sr. José Sócrates uma razoável indemnização dos contribuintes portugueses por acto, estrondosamente falhado, de agentes da justiça.

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