Sunday, April 05, 2015

SUITE FRANCESA

As histórias contadas no cinema à volta do comportamento da resistência francesa durante a ocupação nazi acabam, geralmente, por transmitir imagens pouco dignas do povo que cento e cinquenta anos tinha degolado o Antigo Regime. Se a história contada é uma adaptação de uma obra de uma escritora nascida na Polónia de origem judaica, que viria a ser morta em Auschwitz em 1942 (apenas dois anos depois do início da ocupação da França), a colaboração cobarde das denúncias e acusações mesquinhas remetidas por habitantes de uma pequena cidade francesa aos militares ocupantes, o filme é uma acusação implacável daqueles que, com raras excepções, se comportaram da firma mais indigna. 

Para lá da fotografia a negro da sociedade retratada, há uma incontavelmente repetida história de amor, desta vez bem contada, entre militares ocupantes e mulheres dos territórios ocupados. 
O facto de os intérpretes dos personagens franceses se expressarem, entre si e com os alemães, em inglês, imprime no espectador menos atento a ilusão de uma deslocalização do cenário da história. Tanto quanto num qualquer western, dobrado, John Wayne a hablar espanõl.

 Suite francesa vale, mesmo assim, a pena ser vista.

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Correl . - Exorcizar o passado em Paris

1 comment:

Anonymous said...

São histórias que aproximam os povos, que devem ser contadas.

Não histórias que afastem os povos.

Ainda bem que os nazis não lhe puxava, como hoje, para gay, se não acabavam por ganhar a guerra.