Thursday, April 16, 2015

OS DONOS DELAS

O noticiário das oito desta manhã, da Antena 1, informava-nos que a greve do dia na CP, Refer e CP Carga, era de protesto contra os planos do Governo de privatização e a fusão a Refer com as Estradas de Portugal, estava a provocar o cancelamento da maior parte dos comboios. À tarde, o Público, vd. aqui, confirmava que, até às 18 horas, a redução se cifrava em 57%.

Por outro lado, os pilotos da TAP mantêm a decisão de entrar em greve durante dez dias, a partir de 1 de Maio, o que poderá aumentar os prejuízos da empresa, vd. aqui, em70 milhões de euros. Esta tarde, os pilotos da Portugália decidiram, vd. aqui, aderir à greve decidida pelos seus colegas da TAP. Tudo porque, alegam eles, discordam da privatização destas empresas.

Já estamos todos saturados com notícias destas, mesmo aqueles que têm o privilégio de poder dispensar os serviços públicos de transportes. No caso da TAP temos alternativas. As razões invocadas pelos grevistas são, geralmente, de índole monetária ou para lá caminham. Hoje, porém, a razão invocada não é original mas é a outra: os grevistas opõem-se à privatização das empresas onde trabalham. Significa isto que invocam e usam um poder que se sobrepõe ao poder democrático representado na AR. É legitimo?

Se é legítimo, é ilegítimo o poder dos deputados que aprovaram ou apoiam as decisões do Governo. E a democracia à portuguesa, também por esta razão, é uma anedota. Os senhores ferroviários, os senhores metropolitanos, os senhores pilotos, etc., podem, como qualquer cidadão, contestar, protestar, fazer trinta por uma linha contra uma decisão com a qual discordam. O direito deles, como cidadãos, é exactamente igual ao de qualquer outro cidadão português. A condição de trabalhador daquelas empresas não lhe atribui qualquer direito que exceda o direito  de qualquer outro cidadão trabalhador noutra empresa qualquer.

Atribui?
São donos exclusivos das empresas públicas onde trabalham?
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Já depois de  ter terminado este apontamento ouço um dirigente do PS afirmar que o Governo não tem disponibilizado os elementos necessários à análise do dossier de privatização da TAP. Se assim é, o Governo usa daquela dose de prepotência que alimenta todas as suspeições.

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