A polémica entre A Pinto Ribeiro e Pacheco Pereira (vd nota aqui) a propósito dos subsídios atribuidos pelo Governo a entidades de produções culturais que, na generalidade dos casos, atingem uma minoria muito restrita de admiradores dos intervenientes (artistas, produtores, realizadores, encenadores, etc.) e das suas performances, e que, em consequência do reduzido impacto na promoção cultural do País, dificilmente justificam aos olhos da opinião pública, isto é, dos contribuintes, os meios que o Governo lhes atribui.
Pacheco Pereira disse isto de forma mais elaborada e A Pinto Ribeiro catalogou-o como elemento da facção conservadora, decadente e ignorante, de forma explícita.
A verdade é que a política cultural em Portugal suporta-se basicamente na atribuição de subsídios. Diga-se se passagem que a política da agricultura (e não por razões de trocadilho fácil) trilha os mesmos rumos: pouco se sabe das actividades do ministério da agricultura, de milhares de funcionários, para além da negociação de subsídios em Bruxelas e da sua atribuição a meia dúzia de felizardos e a umas centenas de largas de atingidos pelas inoportunidades climatéricas.
Voltando ao ministério da cultura, o subsídio é a mola do negócio. E ainda que o termo seja propositadamente provocador, as negociações que a distribuição do bolo, geralmente curto para as carências dos candidatos, envolve, demonstram claramente que os critérios de atribuição nunca se fundam em indicadores dos objectivos culturais a atingir. Por quê? Simplesmente porque a cultura não se mede, respondem os agentes culturais, e já disse a ministra.
Mais ou menos como a cultura subsidiada do girassol em Portugal: semeia-se mas não se colhe.
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