Quando, há já muitos anos, visitei pela primeira vez a Suíça, impressionaram-me, além do mais, a ordem e a limpeza e o cheiro a estrume fora das cidades. Aliás, era frequente verem-se estrumeiras ao lado das habitações rurais.
Passados estes anos, e de volta a Suíça, agora também por razões familiares, já não se nota tanto o cheiro a estrume mas a ordem e a limpeza já não é o que eram.
O que, no entanto, persiste é o aproveitamento intensivo da terra arável. No Ticino, por exemplo, a vinha é omnipresente: no adro de uma igreja, no logradouro de um castelo medieval que é património da Unesco, no espaço urbano. Há cultivo de couves, beterrabas, milho, etc. em convivência com stands de automóveis.
Vimos até um campo de uma espécie (última foto) que não consegui identificar*, nem ninguém ali por perto conseguiu.
Lembro-me sempre desta paisagem cultivada quando atravesso Portugal e vejo tanta terra arável abandonada.
Porque é que isto acontece? É certo que a agricultura é fortemente subsidiada na Suíça. Mas não creio que seja só essa a razão deste apego à produção agrícola na Suíça e do desprezo que ela merece entre nós.
Há, certamente, razões culturais que, no caso português, serão de rejeição cultural.
Na Suíça, notoriamente, há uma preferência arreigada por tudo o que é Suíço. Sobretudo por tudo o que é criado localmente. A defesa dos interesses de cada um começa na defesa dos interesses do vizinho. Quem é que pensa em tal em Portugal?
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*É um exemplar de Fagopyrum esculentum. É o trigo-mourisco, planta cultivada de origem asiática.
1 comment:
A sua planta é um exemplar de Fagopyrum esculentum. É o trigo-mourisco, planta cultivada de origem asiática.
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