Ambos recomendaram calma ao PM e ao líder do PSD e o entendimento acerca do OE para o próximo ano, juntando-se ao PR na subscrição da receita para o momento crítico que o País atravessa.
Calminha e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. O que o aforismo não garante é que sejam suficientes. Tal qual o Melhoral: É melhor e não faz mal.
Aliás, para Mário Soares "a despesa pública não é tanta como se faz crer", uma afirmação que, só por si, indicia flagrantemente o seu desfasamento da realidade ou a intenção de a camuflar.
É por demais evidente que não é com o País em alvoroço transmitido pelas televisões de todo o mundo, à grega, que se convencem os investidores a manterem os créditos e a reduzirem os juros. Por cada exibição dessas sobem os spreads da dívida e encolhem-se os credores. Mas, se a calma é boa conselheira, não é com apelos à calma que, só por si, se estabiliza o barco neste mar encapelado, a roçar os baixios, em que navegamos.
O governo desta barca descontrolada (apesar do optimismo de circunstância de Soares sustentado nas recentes declarações do FMI) precisa, para além de calma, de um braço forte, que claramente lhe falta. A despesa pública, contrariamente ao que afirma Soares, é superior aquela que se faz crer. Toda a gente consciente, e não coagida por interesses partidários, sabe que assim é. E também sabe que é forçoso reduzi-la, se queremos cumprir os compromissos assumidos, a frase feita para este momento. Não pode o País chegar a 2013 com o défice abaixo dos 3% sem reduzir a despesa pública. O resto são tretas alegres. Por muito que a comparação repugne a Mário Soares.
A calma que Cavaco, Soares, Balsemão e vários outros recomendam jamais poderá ser atingida havendo uma luta infernizada pelo poder. Por mais calma que possa haver à superfície é nos porões que se arrombam os barcos.
Repetidamente tenho escrito isto neste caderno: Só um governo maioritário pluripartidário pode resolver os problemas graves do País*. Uma condição necessária, pelo menos tão necessária como a calma receitada.
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* O FMI não resolve. Quanto muito imporá uma solução.
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* O FMI não resolve. Quanto muito imporá uma solução.
6 comments:
Rui, antes de mais uma calorosa saudação pela tua perseverança.
Ignorante em matérias económicas como sou continuo, porém, a pensar que, tal como o Medina Carreira,
adoptas uma postura catastrofista. Mas, como tu também o dirás, oxalá não venhas a ter razão.No programa
de hoje do 'Antena aberta'um ouvinte que devia ter alguns conhecimenntos de economia punha a seguinte questão: por que é que o Governo, em vez de se financiar no exterior a juros elevadíssimos
não se financia internamente a juros mais baixos com vantagem para os aforradores e para o Estado? Confesso que não ouvi resposta satisfatória até porque o endevidamento das famílias não é contraditório com a existência de muito dinheiro em circulação.Que me dizes?
Essa do governo pluripartidário não seria uma forma de branquear mais uma vez a cáfila de incompetentes que nos têm governado e se têm governado?
Não iremos a lado nenhum enquanto não for feita uma limpeza na classe politica que anda por aí.
Esse acordo conduziria a aumento de impostos sobre aqueles que sempre têm pago.
Neste momento qualquer acordo deveria ser precedido por uma denuncia forte e clara dos que têm ajudado a esta situação.
"por que é que o Governo, em vez de se financiar no exterior a juros elevadíssimos
não se financia internamente a juros mais baixos com vantagem para os aforradores e para o Estado?"
Francisco, Caro Amigo,
Também tenho as minhas dúvidas. Uma explicação poderá estar no facto de os certificados de aforro
serem aplicações a muito curto prazo. Podem ser mobilizados trimestralmente sem perda de juros.
Estas são aplicações a longo prazo.
Outra explicação estará no facto do Governo não querer retirar fundos aos bancos, que já estão com grandes problemas de financiamento, como é sabido.
Ainda uma outra explicação: joga na inércia dos aforradores portugueses obtendo assim fundos a muito baixo preço e com prazos,na prática, muito longos.
De qualquer modo, e como alternativa aos certificados de aforro, passaram a ser emitidos títulos do tesouro com melhores remunerações.
"Não iremos a lado nenhum enquanto não for feita uma limpeza na classe politica que anda por aí."
E como é que se limpa?
E como é que se limpa?
Limpa-se da forma que outros limpam.
A tiro, na testa ou na nuca, dependurar em candeeiros ou árvores, à pedrada. Qualquer destas formas de limpeza serve.
Quanto mais tarde, pior, mais trabalheira dá.
"Limpa-se da forma que outros limpam.
A tiro, na testa ou na nuca, dependurar em candeeiros ou árvores, à pedrada."
Por onde é que você tem andado, António?
No Afeganistão?
Apareça mais vezes.
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