Friday, September 08, 2023

SENHOR PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DA FIGUEIRA DA FOZ

Senhor Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz,

Há no centro de (AB) ruínas de um antigo solar, a Casa da Renda, que  sempre me apoquentaram. De ruínas de casas abandonadas está o país cheio, mas com aquelas confronta-se a minha consciência cívica quando por ali passo.

Nasci (em A.), tenho casa (em A.), que foi de meus pais, e nela preservo, amo e recordo os dias felizes da minha infância e juventude.

Pergunto aos muito poucos que ainda conheço na aldeia, que já teve vida de vila e agora é quase só dormitório, se sabem por que razões o casarão continua a desmoronar-se, como um fantasma que só não assusta quem passa porque sempre conviveu com ele.

Dizem-me que o Presidente da Câmara está a tratar do assunto, mas ninguém, nem o Presidente, tem ideias para saber o que fazer, ou se desfazer, daquilo. 

Não quero acreditar no que me dizem, que o Presidente não tem ideias.  Quando muito o que o Presidente tem é mais que fazer do que pensar na Casa da Renda.

Aquilo vale pouco, se é que vale alguma coisa, mas é um sintoma da ausência do sentido colectivo cívico que há muito o deveria ter demolido.

E semeado ou plantado no terreno desocupado e estrumado um jardim de espécies silvestres locais a recordar os habitantes que foram deslocados dali há mais de três séculos para nele os frades crúzios construirem o palacete onde recebiam as rendas dos que trabalhavam nas suas terras usurpadas pela Ordem dos crúzios.

Não lhe faço perder mais tempo, Senhor Presidente.

Se não puder fazer para o povo de (A.) o jardim que, certamente, o alegraria, pelo menos não faça ali mais obra de ferro e cimento armado, tão inútil quanto os que (A) já tem sem préstimo.

 Com os meus melhores cumprimentos

( assinado)


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