Cientistas suíços esperam ter vacina contra o coronavírus em outubro
Uma vacina contra o novo
coronavírus pode estar pronta para uso na Suíça em outubro próximo,
anunciaram hoje cientistas de uma equipa que trabalha no desenvolvimento
deste produto no Hospital Universitário de Berna e na indústria de
biotecnologia.
20 de abril de 2020 às 21:48
(publicado hoje 20/04 aqui)
"Esta será a primeira ou uma das primeiras vacinas" a
conter a pandemia do covid-19", disse em conferência de imprensa o
chefe do Departamento de Imunologia do Hospital Universitário de Berna
(também conhecido como Inselspital), Martin Bachmann, que lidera o
trabalho de pesquisa.
Este trabalho de pesquisa da vacina está agora no estágio de teste de eficácia e de segurança.
O
especialista garantiu que existem "possibilidades realistas" para
iniciar uma vacinação em massa da população suíça em outubro, um período
muito mais curto do que o de 12 a 18 meses, com base no qual
especialistas e empresas do setor farmacêutico trabalham.
Bachmann
explicou que a pesquisa que dirige está a ser feita em colaboração com
instituições científicas do Reino Unido, Letónia e China, bem como da
Universidade de Zurique.
A investigação está numa fase em que
foram resolvidos problemas que possibilitarão a realização de ensaios
médicos (com pessoas) em agosto e uma comercialização da vacina dois
meses depois, adiantou.
A tecnologia escolhida gera alta
imunogenicidade, o que a torna adaptada para idosos, não possui
contraindicações para quem sofre de doenças crónicas e é muito
produtiva, pois com uma pequena quantidade de vacina podem ser
produzidas 20 milhões de doses, explicou, nesta conferência de imprensa
virtual, a partir de Berna.
Sobre a segurança oferecida pela
vacina, Bachmann afirmou que "tudo está a ser feito de acordo com os
padrões, mas de maneira acelerada", acrescentando que estão a ser
seguidas as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além
disso, o especialista argumentou que a vacina ou as vacinas usadas
contra o novo coronavírus provavelmente oferecem proteção a longo prazo e
não é necessário renová-las a cada ano, como no caso da gripe.
Isso,
explicou, ocorre porque o SARS-CoV-2, que causa a doença da covid-19, é
um vírus "estável" e não foram encontrados motivos para pensar que seja
suscetível a mutações de curto prazo e, portanto, "uma eventual vacina
provavelmente não será proteger por toda a vida, mas por um período de
cerca de 10 a 15 anos".
A equipa de Bachmann trabalha com a
Saiba, uma empresa de biotecnologia especializada em vacinas e que lida
com questões de regulação e de financiamento desse projeto, que seria
realizado em parte por uma fundação da Universidade de Zurique.
No
processo de pesquisa e desenvolvimento, o diretor de operações da
Saiba, Gary Jennings, disse que há conversas com os farmacêuticos suíços
Novartis e Lonza sobre a futura produção da vacina.
O executivo e
médico em bioquímica explicou que espera chegar a um acordo com as
agências reguladoras e as autoridades suíças para realizar uma vacinação
em massa, considerando "a longa história de pragmatismo" que o país
possui. "Acreditamos que podemos chegar a um acordo com o Governo suíço
para tornar a vacina uma realidade rapidamente", estimou.
Também
garantiu que a equipa que trabalha neste projeto está disposta a
facilitar a transferência de tecnologia para que a vacina possa ser
produzida noutros países a preços muito acessíveis.
A nível
global, segundo um balanço de hoje da AFP, a pandemia de covid-19 já
provocou mais de 165 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas
em 193 países e territórios.
Mais de 537 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 735 pessoas das 20.863 registadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China