Monday, April 20, 2020

VACINA EM OUTUBRO?

Cientistas suíços esperam ter vacina contra o coronavírus em outubro

Uma vacina contra o novo coronavírus pode estar pronta para uso na Suíça em outubro próximo, anunciaram hoje cientistas de uma equipa que trabalha no desenvolvimento deste produto no Hospital Universitário de Berna e na indústria de biotecnologia. 
 
Cientistas suíços esperam ter vacina contra o coronavírus em outubro
Bloomberg
 20 de abril de 2020 às 21:48  
      
(publicado hoje 20/04 aqui)
 
"Esta será a primeira ou uma das primeiras vacinas" a conter a pandemia do covid-19", disse em conferência de imprensa o chefe do Departamento de Imunologia do Hospital Universitário de Berna (também conhecido como Inselspital), Martin Bachmann, que lidera o trabalho de pesquisa.

Este trabalho de pesquisa da vacina está agora no estágio de teste de eficácia e de segurança.

O especialista garantiu que existem "possibilidades realistas" para iniciar uma vacinação em massa da população suíça em outubro, um período muito mais curto do que o de 12 a 18 meses, com base no qual especialistas e empresas do setor farmacêutico trabalham.

Bachmann explicou que a pesquisa que dirige está a ser feita em colaboração com instituições científicas do Reino Unido, Letónia e China, bem como da Universidade de Zurique.

A investigação está numa fase em que foram resolvidos problemas que possibilitarão a realização de ensaios médicos (com pessoas) em agosto e uma comercialização da vacina dois meses depois, adiantou.

A tecnologia escolhida gera alta imunogenicidade, o que a torna adaptada para idosos, não possui contraindicações para quem sofre de doenças crónicas e é muito produtiva, pois com uma pequena quantidade de vacina podem ser produzidas 20 milhões de doses, explicou, nesta conferência de imprensa virtual, a partir de Berna.

Sobre a segurança oferecida pela vacina, Bachmann afirmou que "tudo está a ser feito de acordo com os padrões, mas de maneira acelerada", acrescentando que estão a ser seguidas as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Além disso, o especialista argumentou que a vacina ou as vacinas usadas contra o novo coronavírus provavelmente oferecem proteção a longo prazo e não é necessário renová-las a cada ano, como no caso da gripe.

Isso, explicou, ocorre porque o SARS-CoV-2, que causa a doença da covid-19, é um vírus "estável" e não foram encontrados motivos para pensar que seja suscetível a mutações de curto prazo e, portanto, "uma eventual vacina provavelmente não será proteger por toda a vida, mas por um período de cerca de 10 a 15 anos".

A equipa de Bachmann trabalha com a Saiba, uma empresa de biotecnologia especializada em vacinas e que lida com questões de regulação e de financiamento desse projeto, que seria realizado em parte por uma fundação da Universidade de Zurique.

No processo de pesquisa e desenvolvimento, o diretor de operações da Saiba, Gary Jennings, disse que há conversas com os farmacêuticos suíços Novartis e Lonza sobre a futura produção da vacina.

O executivo e médico em bioquímica explicou que espera chegar a um acordo com as agências reguladoras e as autoridades suíças para realizar uma vacinação em massa, considerando "a longa história de pragmatismo" que o país possui. "Acreditamos que podemos chegar a um acordo com o Governo suíço para tornar a vacina uma realidade rapidamente", estimou.

Também garantiu que a equipa que trabalha neste projeto está disposta a facilitar a transferência de tecnologia para que a vacina possa ser produzida noutros países a preços muito acessíveis.

A nível global, segundo um balanço de hoje da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 165 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 537 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 735 pessoas das 20.863 registadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China

2 comments:

zé manel said...

Ola Rui
Para além de tudo o que já foi dito e escrito sobre esta pandemia, eu lembrei-me de acrescentar mais uma estatistica ou melhor um racio e que é a razão entre o nº de casos Covid-19/capita de cada país e o respectivo PIB/capita. Pareceu-me que deste racio se pode inferir sobre a maior ou menor dificuldade dos cidadãos de cada país para pagar a pandemia em si e de tudo o que por aí deve vir (impostos?) para por as contas mais ou menos em ordem. E conclui:

Portugal: Base 100
Espanha: +58%
França: - 38%
Holanda,USA,Alemanha, Suiça -60%
Suecia e Dinamarca -70%
Finlandia - 98%

Tenho ouvido muitos elogios internacionais à forma como temos gerido a pandemia. É verdade. Mas o que não será menos verdade que à excepção da Espanha - que embora tenha maior poder de compra que nós tem uma pandemia bem pior que a nossa - vamos ser um dos paises do mundo com mais dificuldade para retomar a nossa vida anterior. Aqui tambem manda quem é mais rico e pode suportar melhor casos destes.
abç
zm

Rui Fonseca said...


Caríssimo ZM,

Obrigado pelo seu comentário.

Num ponto estamos de acordo: "vamos ser um dos países do mundo com mais dificuldade para retomar a nossa vida anterior. Aqui também manda quem é mais rico e pode suportar melhor casos destes."

Mas não me parece que a relação entre número de infectados e PIB/capita seja a mais determinante para enfrentar as consequências da pandemia sobre a economia quando ocorrerem condições para a retoma da utilização da capacidade instalada. O que é mais preocupante para os países é o endividamento que têm de enfrentar e a capacidade para o pagar. Também é muito relevante a estrutura da actividade económica: o peso do turismo na economia portuguesa é um significativo handicap para a recuperação.
A dívida portuguesa já era enorme antes da pandemia, a que níveis irá subir, ninguém sabe, mas serão certamente elevadíssimos.
Este o nó górdio que ou as instituições europeias, neste momento em reuniões complicadíssimas conseguem desatar, avançando para uma cooperação só possível naquilo a que há muito tempo chamei neste caderno de apontamentos uma federação mínima, ou a União Europeia desintegra-se.
Portugal, mas não apenas Portugal, também a Itália, a Espanha, até a França, entre outros (e a Grécia?, é muito estranho que ninguém fale da Grécia, tem um número relativamente reduzido de infectados, para já, mas a dívida grega não deixou de ser enorme, ou deixou?)
Resumindo: Penso que a pandemia é uma ameaça global, as suas consequências na esfera económica serão também globais. Piores para uns, os mais pobres, que para outros, os mais ricos, certamente. Mas, relativamente, muito piores para os mais endividados no fim da pandemia, se não houver cooperação entre países.