Acontece com
alguma frequência ao meu perclaro e muito estimado amigo António PC zangar-se
com os jornalistas que abusam da sua paciência escrevendo ou transmitindo em
doses enjoativas notícias, geralmente tragédias porque as boas notícias
vendem-se pouco, que exploram até ao tutano. A tragédia do Chapecoense é apenas
o caso mais recente desta degustação do horror servida em doses infindas.
Percebo-lhe bem a
indignação mas parece-me que lhe falta algum tempero.
Os jornalistas
são produtores de serviços que colocam à disposição da apetência dos seus
clientes. Sem clientes com apetite para os produtos apresentados seriam obrigados a mudar de mercado.
Podemos concordar
ou discordar mas não podemos negar-lhe a liberdade de usar o sentido de negócio em contrapartida da nossa liberdade de não os ler, ouvir ou ver. É o que eu
faço sempre que o artigo não me atrai.
Conheço muitos
fulanos que mamam da Sport tv de manhã à noite e muita senhora e cavalheiro que
podem perder tudo menos meia dúzia de telenovelas diárias. Por que não? Posso
não gabar-lhes os gostos mas não posso negar-lhes o direito de os terem.
A propósito,
recordo-me da história de um tipo bem apanhado que alimentava o cão com sopas
de cavalo cansado.
- E não lhe faz
cair o pelo?, perguntava um
- E não lhe
arruína o fígado?, queria saber outro
- E não lhe tolda
o faro nem a vista?, estranhava um terceiro
- Porquê sopas de
cavalo cansado e não aquilo que os cães costumam comer?, perguntou o mais
cientista dos perguntadores
- Porque este cão
do que gosta mesmo é de sopas de cavalo cansado.
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* Comentário colocado aqui
2 comments:
Caro Rui:
Encurtando razões. Não duvidas, por certo, que eu sou um defensor da economia de mercado e da liberdade de escolha. Acontece, todavia, que existem leis democráticas a que a informação, num estado de direito, se deve submeter. E uma delas consiste no dever de não fazer a apologia de ditaduras e de ditadores. Ora, nas horas e horas que as televisões e rádios gastaram com o tema Fidel nas páginas da imprensa escrita o que predominantemente perpassava era o elogio do ditador e da ditadura cubana, quer através das reportagens feitas a gosto e a medida, quer através da redacção da notícia e também dos comentários dos pivots e pensadores arregimentados.
Portanto, caro Rui, há que distinguir as coisas.
Por outro lado, e do ponto de vista mais genérico em matéria de media, eu distingo entre aqueles que não escondem a sua opção por conteúdos que lhes proporcionam as mais largas audiências, com o objectivo de arrecadar receitas custe o que custar, daqueles que se assumem e querem ser vistos como media de referência, rigorosos na informação e na programação geral, cumpridores das normais legais e dos princípios de deontologia que tanto apregoam. Se para os primeiros a informação é um produto para vender como qualquer outro, já para os segundos a qualidade, a verdade, a precisão, deve ser o critério. Acontece, non entanto, que razões ideológicas levam a subverter por completo os princípios que tanto apregoam, com toda a complacência, senão iniciativa, dos seus responsáveis.
Caro Rui, como não se podem vender medicamentos adulterados, também é intolerável uma informação adulterada e laudatória de ditadores e ditaduras. O que se diria se Pinochet fosse tratado de tal forma? De facto, a esquerda lava tudo e branqueia por completos as suas ditaduras!...
Obrigado, Estimado António e as minhas desculpas pelo atraso na publicação.
Atraso que se deveu a problema no sistema que não me avisou da entrada dos teus, sempre bem vindos, comentários.
Quanto a Fidel, anotei aqui
http://aliastu.blogspot.pt/2016/11/acerca-da-ocasional-invencao-de-deuses.html
o que me sugeriu a peregrinação e canonização do ídolo ou do diábolo.
O nosso amigo Humberto A. enviou-me há dias um e-mail/lista das façanhas do "El Comandante"
Estou certo que também recebeste.
Há nessa lista pelo menos uma afirmação com a qual concordo, com uma ligeira alteração: "
"Amado por milhões, odiado por outros tantos, o que ninguém pode fazer é ignorá-lo".
Volta sempre!
Abç
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