Monday, August 01, 2016

CHUTAR PARA CANTO EM AGOSTO

Ouço no noticiário das três da tarde que o Banco de Portugal divulgou hoje que a dívida pública voltou a aumentar, situando-se no final do primeiro trimestre deste ano em 240 mil milhões de euros, aumentando pelo quarto mês consecutivo.
E, logo a seguir, o ministro da Economia a desvalorizar o aumento em termos nominais porque, disse ele, o mais importante é a relação entre a dívida e o PIB. 
E disse mais (cito por memória):

"Estamos a trabalhar nos dois lados da equação, promovendo o crescimento para reduzir a dívida, com aumento de investimento. É público que a Fosun* está interessada numa participação relevante no capital do BCP e que o Banco Haitong** está interessado no Novo Banco. O interesse de investidores estrangeiros é uma prova de confiança no futuro do nosso país."- cf. aqui

Pelas minhas contas, a relação entre a dívida e o PIB no final de Junho, deve ter-se situado em 131%.
Em Novembro de 2012, a previsão da trajectória da dívida revista em baixa no sexto exame regular da troica (vd. quadro abaixo - clique para ampliar) apontava para 115,8%. 
Aconteceu há menos de três anos, de nada nos valeu este tipo de investimento financeiro estrangeiro que confiou no nosso país.



"No final do primeiro semestre de 2016, a dívida pública situou-se em 240,0 mil milhões de euros (Gráfico 1), aumentando 2,4 mil milhões de euros relativamente a maio (Gráfico 2). Esta variação no mês de junho reflete principalmente emissões líquidas positivas de títulos (2,0 mil milhões de euros). O crescimento da dívida pública foi acompanhado por uma redução dos ativos em depósitos (0,3 mil milhões de euros), pelo que a dívida pública líquida de depósitos da administração central registou um aumento de 2,8 mil milhões de euros em relação ao mês anterior, ascendendo a 222,0 mil milhões de euros no final do primeiro semestre de 2016." - aqui


Por outro lado, a dívida privada - cf. aqui - ainda que subsistindo a níveis relativamente muito elevados vinha apresentando uma trajectória discretamente descendente. 
Soube-se recentemente, no entanto, - vd. aqui - que a poupança das famílias foi negativa no primeiro trimestre deste ano, uma situação inédita nos, pelo menos, últimos 17 anos. Na origem desta inversão estará o crescimento do consumo e a compra de automóveis. 
Sem os reflexos no crescimento da economia esperados pelo senhor ministro da Economia e companhia.  
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Correl. - (10/08) - Dívida Pública deve ter-se situado entre 131 e 132% do PIB no fim de Junho - aqui

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