Tuesday, June 28, 2016

DAS DUAS, UMA

Regresso às 35 horas pode significar que o sector público está sobredimensionado.
É óbvio.
Tão óbvio que o anotei algumas vezes neste bloco de notas.
Se aquilo que era feito em 40 horas semanais pode ser feito em 35, isso significa que há efectivos a mais na função pública.

Mas, em alguns casos (muitos casos?) não pode.
E como não pode, ou haverá aumento dos efectivos ou de horas extraordinárias, determinando aumento da despesa pública em qualquer dos casos.

Aumento que será pago por aqueles que, não sendo funcionários públicos, continuarão a trabalhar mais que as 35 horas .

Não é verdade sr. Mário Centeno?

6 comments:

Pinho Cardão said...

Não, caro Rui. Quem vive na realidade virtual não percebe essas coisas da vida concreta. E, que queres, mal feito fora que uma geringonça de funcionários visse para além do que é funcionário. Até porque, para a geringonça, não há mais vida para além dos funcionários.

Anonymous said...

Parece que as 40 horas foram de sempre. Quando se passou ás 40 h deixando as 35h procurou-se descartar funcionários u seja as tarefas eram feitas por menos funcionários aumentando o numero de horas a trabalhar. Até parece simples mas uma coisa são horários outra coisa são as tarefas ou actividades a cumprir. Se para levar a cabo determinado tipo de tarefas eu precisos de x funcionários independentemente do horário que pratiquem. O que se verificou é que os Serviços ficaram subdimensionados em termos de funcionários levando muitas vezes á ruptura de serviços com o cansaço acumulado e a desorganização levando a um maior número de baixas e uma maior dificuldade de cumprir as tarefas a que estavam obrigados. Voltar ás 35 horas implica aumentar o numero de funcionários por uma lado mas por outro em muitos serviços vai estabelecer os equilíbrios que tinham sido afectados pelas 40 horas. Sóp para quem não está a par doq eu são os serviços e a sua actividade é que pode confundir horários com tarefas e vice-versa

Rui Fonseca said...



António,

O problema é que não é geralmente percepcionado pela opinião pública o facto de os impostos que pagamos serem retribuição dos serviços que a função pública nos presta. Geralmente, a opinião pública indigna-se com os impostos que paga sem os relacionar com os custos dos serviços que recebe. Daí aceitar, e até apoiar, a redução do horário de trabalho da função pública.

Rui Fonseca said...

Obrigado, Anonymous, pelo seu comentário.

Que não contraria o que escrevi.
Segundo o Anonymous, o horário de trabalho equilibrado é de 35 horas semanais. Mais do que isso gera cansaço e doença.
Sabe quantos países adoptam o horário de trabalho de 35 horas na União Europeia?
Estão errados todos os restantes, que são quase a totalidade?

Que experiência de trabalho e direcção considera Anonymous necessários para "estar a par"?

Anonymous said...

A questão do trabalho e dos horários de trabalho estão intimamente relacionadas com a produtividade que não deixa de ser uma das dimensões do trabalho e das suas implicações. Outra dimensão do trabalho e que não vejo ser debatida é a sua função de criação de riqueza. É pois o trabalho em si que gera a riqueza de que se alimentam as fortunas. No sector financeiro redistribuísse a riqueza, criam-se ricos mas não se cria riqueza. Para alguém ganhar alguém teve de perder.
A outra dimensão do trabalho enquanto fator gerador de riqueza inscreve-se na sua matriz social e no papel que desempenha na consolidação das sociedades. É de crucial importância a redistribuição da riqueza gerada numa sociedade para o equilíbrio da mesma. Este equilíbrio em termos económicos é gerador de potenciais de crescimento. Tudo isto a propósito dos melhores horários de trabalho. Qual o horário de trabalho mais adequado gerador de mais valia? Será pois aquele que cumpre as diferentes dimensões em que se inscreve o trabalho. Não posso pensar só no trabalhador como fator de produção senão chegaria ao extremo de o por a trabalhar as horas todas que ele aguentaria pelo valor mínimo possível. Refletiria aqui no trabalho dos escravos em que esta realidade foi prática comum. Adquiria-se um individuo pelo preço mínimo mas que mostra-se a capacidade de trabalho intensivo a que o ia obrigar pelo valor mínimo que despenderia com ele durante o período produtivo. Estas contas eram feitas e os fatores geográficos condicionaram a escravatura a áreas especificas em que as condições climatéricas permitiam ter o escravo em condições mínimas de habitabilidade e proporcionariam pequenas áreas de cultivo para uma agricultura de subsistência que garantisse a alimentação e assim as condições de produção deste elemento. Nos Estados Unidos isso foi evidente porque a tentativa de manter escravos a Norte implicava manter condições de habitabilidade mais dispendiosas com o aquecimento durante os períodos de Inverno e a incapacidade de auto alimentar-se o que tornou não rentável a aquisição de escravos. À luz destes factos poderia considerar-se a luta entre o Norte e o Sul e a libertação dos escravos como uma luta para destruir a vantagem económica do Sul em relação ao Norte ao retirarem os escravos da equação. O resultado assim o indica pois a libertação dos escravos não trouxe para eles uma verdadeira integração na sociedade antes pelo contrário mas sim acrescentou a liberalização da mais valia do trabalho proporcionada por estes escravos "libertados" de salários baixos que o Norte soube acolher mantendo-os em guetos nas grandes cidades industriais.

Anonymous said...

Voltando á questão dos horários de trabalho e tendo em conta a dimensão social do trabalho estes seriam os adequados para que aquilo que fosse necessário produzir ou seja as tarefas a cumprir fossem distribuídas de maneira que o individuo pode-se cumprir também a sua dimensão social como individuo com direitos e deveres perante os outros. A constituição de família, a participação efetiva na vida comunitária e o seu tempo de lazer, fatores essenciais que mantém uma sociedade mais equilibrada e portanto com as condições potenciais de crescimento outro fator essencial para a criação de riqueza. Nos anos setenta chegou-se a verificar uma orientação neste sentido com um bum na industria do lazer pois a sociedade dirigia-se no sentido da redução dos horários de trabalho devido á grande automatização dos processos de produção com o tempo a ser um motor desta transformação. Mais tempo disponível mais oferta para se poder despender este tempo. Porque se mantinha ainda a sociedade e os empresários com uma visão social do seu papel a desempenhar no bem estar da sociedade em que se inseriam é que esta politica tinha cabimento. Os horários serão pois os adequados a cada visão que se tenha do trabalho, sabendo nós que com a evolução tecnológica e a automatização cada vez menos é necessário a a mão de obra mas que ao contrário de uma maquina obsoleta que podemos eliminar o trabalhador primeiro que tudo é um individuo que faz parte de uma sociedade a que todos pertencemos e que isoladamente não poderemos sobreviver muito menos condenar aguetos aqueles que consideramos descartáveis.