(O presidente da EDP é um dos gestores mais bem pagos de Portugal. No ano passado levou 1,9 milhões de euros para casa. E este ano pode vir a ganhar 2,6 milhões, mais 36% face a 2015)
Tem sido muito comentada a elevada disparidade entre o salário médio nas empresas cotadas em bolsa e as remunerações dos presidentes executivos das mesmas. Por imposição legal, as remunerações dos gestores das cotadas são públicas e as reacções são quase unânimes: Tais remunerações são escandalosas!
E talvez sejam.
Mas não se escandaliza a opinião pública, nem cá dentro nem lá fora, com as verbas pagas aos artistas do ponta pé na bola e outras actividades essencialmente musculares. E aos presidentes dos clubes, e aos "místeres", e aos agentes deles, a toda a trupe, em geral, que arrecadam por temporada vezes sem conta aquilo que um profissional competente no seu ofício conseguirá receber durante toda a sua vida.
E não só são não se escandaliza como se embasbaca feliz pelas dimensões estratosféricas dos contratos dos seus ídolos.
A idolatria nunca regateia preços.
2 comments:
A mecanica e lógica são totalmente dispares : nos artistas as receitas são dependentes da participação directa do idolo (as receitas dum jogo entre o RM sem ronaldo é de 300 com ronaldo é 500) o que se acha de errado que o elemento que proporciona um lucro directo de 300 receba 30?
No Mexia alem da nitida disparidade entre o que ganha um gestor e o trabalhador comum, essas verbas são escamoteadas ao pagante (de rendas fixas) a que não pode fugir.
Caro António Cristóvão,
Concordo que o argumento de Mexia quando se compara com gestores em funções idênticas no estrangeiro é frouxo. Mas tem consistência o outro argumento, que sustenta os seus rendimentos na decisão dos accionistas.
A questão das rendas é outra. Não tem correlação com os rendimentos de Mexia (embora este, provavelmente, beneficie indirectamente delas) mas com os contratos, talvez permissivos em excesso, assinados pelo governo em nome do Estado.
De qualquer modo nenhum destes argumentos retira pertinência à comparação com os rendimentos dos ídolos da bola, que não são indiferentes para os bolsos dos contribuintes.
Quanto paga o Benfica de imposto de mais valias pela venda de Renato Sanches por 35 milhões ao Bayern, para citar o caso mais recente? Eu não sei, mas imagino que na embrulhada das moscambilhas que caracterizam os negócios da bola, pagará poucos impostos, se pagar alguma coisa.
Ainda a propósito de Benfica (nada me move contra o Benfica, admito facilmente que nos outros clubes haja situações idênticas ou até muito piores) o seu presidente do clube tem, ele e muitos outros, dívidas de largos milhões ao BPN. Quem paga os milhares de milhões que custa o escabroso caso do BPN senão os contribuintes?
A quanto montam as dívidas incobráveis do futebol à banca?
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