A democracia directa favorece a emergência de discursos populistas que excitam o povo à volta de uma ou pouco mais questões fracturantes, que encaminham os votantes para posições antagónicas. Se o ambiente em que se realizam as votações não é democrático, o populismo impõe-se pela ameaça de represálias sobre os recalcitrantes e os donos do terreno impõem a sua vontade reclamando vitórias esmagadoras; se as votações são democráticas, onde a liberdade de expressão não é de algum modo condicionada, os discursos populistas dirigem-se às motivações primárias, instintivas, menos raciocinadas, das populações, e os resultados são geralmente apertados.
Na próxima quinta-feira, 23, os britânicos vão dizer se sim ou não pretendem sair da UE.
A 8 Novembro, os norte-americanos vão eleger entre Hillary Clinton e Donald Trump o próximo presidente dos EUA.
A 23 de Abril do próximo ano (a 7 de Maio, se houver, e provavelmente haverá, segunda volta) Marine Le Pen perfila-se em posição para disputar a presidência em França.
Que há de comum entre estes três personagens? Qualquer deles capta a adesão de seguidores culpando os imigrantes pelas dificuldades sentidas sobretudo nas camadas mais desfavorecidas da população.
É assim no Reino Unido, onde Boris Johnson, segundo as sondagens divulgadas hoje conseguirá o Brexit com uma vantagem de entre 4 a 5 pontos percentuais, e entrar em Downing Street, 10th., impondo o discurso anti imigração - um discurso que inclui a ameaça de uma invasão de imigrantes turcos em número superior ao da população total da Turquia ...
Um discurso que, a confirmarem-se as previsões das sondagens, submergirá os avisos de jornalistas, economistas, empresários, financeiros, sobre as consequências negativas do Brexit, tanto para o Reino Unido como para a União Europeia.
Ironicamente, Boris Johnson tem ascendência turca.
Nos EUA, a onda que tem elevado Trump a níveis de popularidade ameaçadores da paz interna e mundial parece estar agora a começar a desvanecer-se, na sequência do retorno ao discurso extremista a propósito do tiroteio em Orlando. Segundo as sondagens, Hillary Clinton terá agora uma vantagem de 12 pp. mas nada garante que Trump, até Novembro, não volte a ser capaz de incendiar o eleitorado económico e socialmente menos elevado, e inverter a tendência das sondagens.
Curiosamente também, Trump, que ameaça a expulsão de milhões de mexicanos do país, além de vedar a entrada de muçulmanos, tem ascendência mexicana.
Em França, é ainda sobretudo a questão da imigração, a xenofobia, que favorece Marine Le Pen. Com um discurso aparentemente menos radical que o do pai, fundador do partido de extrema-direita, Marine não alterou o discurso xenófobo, adoçou-lhe o veneno.
Está a democracia condenada a submeter-se aos radicalismos de esquerda e direita, voltando os horizontes a cobrir-se de nuvens carregadas de terror como as que desabaram sobre a Europa no começo e em meados do século passado destruindo-a e, ao destruí-la, propagar a destruição pelo mundo inteiro?
A resposta tem de ser dada pela inteligência.
Mas na Europa preponderam os nacionalismos, ostensivos ou disfarçados, e os nacionalismos perturbam o discernimento dos homens.
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Enquanto escrevia as duas últimas linhas saltou-me no ecrã esta notícia:
É assim no Reino Unido, onde Boris Johnson, segundo as sondagens divulgadas hoje conseguirá o Brexit com uma vantagem de entre 4 a 5 pontos percentuais, e entrar em Downing Street, 10th., impondo o discurso anti imigração - um discurso que inclui a ameaça de uma invasão de imigrantes turcos em número superior ao da população total da Turquia ...
Um discurso que, a confirmarem-se as previsões das sondagens, submergirá os avisos de jornalistas, economistas, empresários, financeiros, sobre as consequências negativas do Brexit, tanto para o Reino Unido como para a União Europeia.
Ironicamente, Boris Johnson tem ascendência turca.
Nos EUA, a onda que tem elevado Trump a níveis de popularidade ameaçadores da paz interna e mundial parece estar agora a começar a desvanecer-se, na sequência do retorno ao discurso extremista a propósito do tiroteio em Orlando. Segundo as sondagens, Hillary Clinton terá agora uma vantagem de 12 pp. mas nada garante que Trump, até Novembro, não volte a ser capaz de incendiar o eleitorado económico e socialmente menos elevado, e inverter a tendência das sondagens.
Curiosamente também, Trump, que ameaça a expulsão de milhões de mexicanos do país, além de vedar a entrada de muçulmanos, tem ascendência mexicana.
Em França, é ainda sobretudo a questão da imigração, a xenofobia, que favorece Marine Le Pen. Com um discurso aparentemente menos radical que o do pai, fundador do partido de extrema-direita, Marine não alterou o discurso xenófobo, adoçou-lhe o veneno.
Está a democracia condenada a submeter-se aos radicalismos de esquerda e direita, voltando os horizontes a cobrir-se de nuvens carregadas de terror como as que desabaram sobre a Europa no começo e em meados do século passado destruindo-a e, ao destruí-la, propagar a destruição pelo mundo inteiro?
A resposta tem de ser dada pela inteligência.
Mas na Europa preponderam os nacionalismos, ostensivos ou disfarçados, e os nacionalismos perturbam o discernimento dos homens.
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Enquanto escrevia as duas últimas linhas saltou-me no ecrã esta notícia:
Deputada britânica alvejada na rua está em “estado crítico”
Testemunhas dizem que atacante gritou "Reino Unido primeiro" enquanto disparava sobre Jo Cox, que defende a permanência do país na União Europeia.
Sabemos como as guerras começam, nunca saberemos como acabam.
1 comment:
Continuo a defender que se discuta os factos e não as etiquetas. 5 milhões de imigrantes dá na UE encontrarmos por 100 pessoas um imigrante; como se vê nada assustador, nem para mim que sou ancião.
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