A pintora, sentada n cenário de O Primo Bazílio
"Paula Rego ( ) está sentada num banco que utilizou como cenário para a série
inspirada no romance de Eça de Queiroz, O Primo Basílio, com uma boneca atrás.
Confundem-se as duas, a boneca de cabelos em cachos dourados e um fato cor de
rosa; a pintora de vestido preto com estampados e um colar onde seis ratinhos
coloridos de brincadeira lhe ratavam o pescoço. Conforme nos aproximamos, vê-se
a pintora imersa no seu próprio mundo, como se estivesse no estúdio londrino,
desligada do que lhe está para acontecer: duas dezenas de gravadores e cinco
câmaras de televisão. Há quem tente afastar os invasores, mas Paula Rego não se
preocupa com a multidão. E começa a percorrer os espaços da exposição e a
comentar a sua obra, olhando uns com curiosidade, outros com memórias e todos
com um misto de prazer e desejo que os olhos que a acompanham gostem do seu
trabalho. Isso deixa-a feliz, nota-se pelo que diz antes de percorrer a nova
exposição, intitulada Old meets New: Alguém lhe pergunta se quer ficar
sentada...
- Eu não, quero é ir ver os quadros. Há de haver mais se
eu não morrer. Já tenho oito novos.
(na sala da série de A Relíquia)
O quadro em que a americana entra, à esquerda
·
·
- Esta menina que está ali é uma senhora que me manda da
América muitas roupas em segunda mão, fantásticas para vestir os bonecos e que
me visitou porque queria ficar num quadro. Então, disse-lhe para se sentar e
pintei-a neste quadro. Ela só não sabe é que esta cena passava-se numa casa de
putas.
- Aqui é o sonho que o Teodorico tem quando vai à Terra
Santa. Deita-se no chão e adormece quando o diabo vem. Tem à volta chorões que
trouxe da casa da minha filha pois ao pé de mim não há.
(na sala da série D. Manuel II)
- Há um quadro muito grande, da série do último rei de
Portugal, D. Manuel II, que não está cá porque foi comprado por uns americanos
muito ricos e eles não o mandaram. Parece impossível!
(na sala de O Primo Basílio)
- A Luísa está a ler o jornal, onde está a notícia da
chegada do Primo Basílio do Brasil, de que ela gosta. Aquela é a criada, a
Juliana, que lhe fez a vida negra. Neste, usei muitos fundos de parede como os
que se usava naquele tempo....
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c/p de aqui
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