Leio aqui que hoje é dia de comemoração da língua portuguesa e da cultura em todos os Estados membros da CPLP. Quantos portugueses terão conhecimento de que existe um dia em que se comemora a língua materna comum e que esse dia é hoje? E quantos brasileiros, angolanos, moçambicanos, cabo-verdianos, guineenses, são-tomenses, timorenses, terão? (A Guiné- Equatorial é uma excrescência que, neste caso, mais se revela burlesca)
Enredados em múltiplos problemas que os afligem de forma imediata, a comemoração da língua e cultura comuns será um devaneio intelectual porque não é certamente assunto que minimamente se embrenhe, mesmo por breves instantes, nas atenções dos cidadãos em geral. Este alheamento não significa, obviamente, que a língua não seja um património de valor incalculável e que os objectivos da CPLP não se prolonguem para além dos interesses culturais conjuntos.
Mas se a língua é o factor unificador do conjunto e a sua defesa uma obrigação inalienável, a repescagem da discussão sobre o Acordo Ortográfico proposta pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa seria perturbadora e inconsequente.
Perturbadora, porque as gerações mais novas estão a ser ensinadas em conformidade com o acordo subscrito em nome de Portugal.
Inconsequente, porque, a longo prazo, o português, como qualquer outra língua, desdobrar-se-á em variantes que não se conformarão com novos acordos ortográficos. Dito de outro modo, talvez este "Acordo Ortográfico" não seja bom, mas será o último. Porque mesmo que fosse consensual no momento presente, e não é, não resistiria à inevitável obsolescência determinada pelo decorrer do tempo, que tudo transforma e a que a linguagem não escapa.
Dito isto, continuarei a escrever segundo a norma anterior.
Se, uma vez por outra, não for alternando as normas.
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Correl. - A reversão mais valiosa para o futuro : acabar com o Acordo Ortográfico
Marcelo Rebelo de Sousa (11/05/2016) - O Acordo Ortográfico é uma não-questão
Enredados em múltiplos problemas que os afligem de forma imediata, a comemoração da língua e cultura comuns será um devaneio intelectual porque não é certamente assunto que minimamente se embrenhe, mesmo por breves instantes, nas atenções dos cidadãos em geral. Este alheamento não significa, obviamente, que a língua não seja um património de valor incalculável e que os objectivos da CPLP não se prolonguem para além dos interesses culturais conjuntos.
Mas se a língua é o factor unificador do conjunto e a sua defesa uma obrigação inalienável, a repescagem da discussão sobre o Acordo Ortográfico proposta pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa seria perturbadora e inconsequente.
Perturbadora, porque as gerações mais novas estão a ser ensinadas em conformidade com o acordo subscrito em nome de Portugal.
Inconsequente, porque, a longo prazo, o português, como qualquer outra língua, desdobrar-se-á em variantes que não se conformarão com novos acordos ortográficos. Dito de outro modo, talvez este "Acordo Ortográfico" não seja bom, mas será o último. Porque mesmo que fosse consensual no momento presente, e não é, não resistiria à inevitável obsolescência determinada pelo decorrer do tempo, que tudo transforma e a que a linguagem não escapa.
Dito isto, continuarei a escrever segundo a norma anterior.
Se, uma vez por outra, não for alternando as normas.
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Correl. - A reversão mais valiosa para o futuro : acabar com o Acordo Ortográfico
Marcelo Rebelo de Sousa (11/05/2016) - O Acordo Ortográfico é uma não-questão
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