Sunday, May 29, 2016

MANUEL MADEIRA

Soube, esta manhã, por telefonema do Luciano M. que faleceu Manuel Madeira.
Ouvi, e rebobinou-se na minha mente a convivência, temporalmente curta mas suficientemente impressiva para perceber bem que, aquele técnico, de grande craveira que foi meu colega na direcção de uma empresa de um grupo multinacional, possuía uma estatura humanista e uma percepção filosófica de interpretação da vida que só os espíritos superiores conseguem alcançar.
Não voltámos a encontrar-nos durante quase quarenta anos até que, por uma destas coincidências que o tempo quando se alonga por vezes acaba por fazer surgir se a amizade perdura, me associei a homenagem que lhe foi  prestada na Biblioteca de Faro no lançamento de um dos seus últimos livros de poesia.

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Perplexidades

Encosto o meu ouvido rente ao chão que piso
e fecho os olhos.
Pouco me falta para beijar a terra
enquanto escuto o rumor mais fundo
que da fundura chaga até a perder o rumo,
disperso que me encontro na matéria escura
entre os grãos do silêncio confundido com eles.

Sou um naco de acaso envolto na teia
que ignota aranha teceu sem saber o que tecia
nas voltas que deu para me prender
como presa que sou de obscuro predador.

Permaneço atónito no seio da escuridão
onde se forja a luz que chegará ou não.

in Universo aberto com trancas à porta - Novembro 2012

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