Tuesday, April 15, 2008

ANÚNCIOS DA CRISE

O FMI reviu em baixa o crescimento económico mundial, o de Portugal não poderia deixar de ser arrastado pela enxurrada provocada pela crise. A OCDE fez o mesmo. Há cada vez mais gente a anunciar a chegada da crise, que já chegou e da que vai chegar. Com tanta gente a clamar que a crise anda por aí, por todo o lado, que pode fazer o cidadão comum? Encolhe-se. Dizem-lhe que caiu no buraco, que provavelmente irá cair ainda mais, ninguém lhe diz como sair dele.
.
Em Portugal, o Governo não revê as previsões de crescimento, em baixa, nem as do défice, em alta. Insurge-se a Oposição, reclamando revisão dos valores. Para quê? Já referi várias vezes aqui no Aliás que não sei para quê, e ainda não encontrei resposta ainda que a tenha provocado.
.
No Quarta República, Tavares Moreira que tem denunciado várias vezes já a não revisão das previsões de inflação, Miguel Frasquilho, que reclama a revisão em baixa das previsões de crescimento do PIB e Pinho Cardão que denuncia a não revisão do défice, resumem o clamor mais geral contra a obstinação do governo. Percebo a necessidade de transparência das contas do Estado, não percebo esta premência de revisão de previsões. Tanto mais que se não forem as previsões cumpridas mais responsabilizado será o Governo pelo incumprimento.
.
Pela minha parte, continuo a pensar que se tanta gente clama que há crise a lei de Murphy cumprir-se-á: vai haver crise.
.
Admitamos que o governo revê em baixa o PIB e em alta o défice.
Muda-se, só por isso, alguma coisa, para além dos valores destes indicadores, aliás previsionais?
Poderia lembrar que o FMI se tem enganado muitas vezes e do seu curriculum constam muitos casos de desaires económicos em consequência das suas recomendações. Mas não vou por aí.
Vamos, então, assumir que o governo revê em baixa as previsões do PIB e em alta as do défice. Que deve fazer a seguir? Cortar na despesa, ajustando à nova conjuntura, e, provavelmente contraindo ainda mais a economia?Baixar os impostos? Esta tem sido a única medida que tenho ouvido como proposta. (...) é tempo de o fazer?(...)
A Oposição tem feito muitos disparates ultimamente. O maior disparate, contudo, e falo neste caso da Oposição à direita do PS, tem sido o de não deixar o governo fazer o "dirty job" de limpar convenientemente as finanças públicas e a função pública. O Ministro da Saúde (o anterior) saiu e a Oposição de direita deu o seu empurrão, a Ministra da Educação, ainda não saiu mas retraiu, porque a Oposição anda a empurrá-la alinhando demagogicamente com o sindicatos. Se a Oposição à direita fosse minimamente inteligente deixava (e até apoiava discretamente) o trabalho de limpesa que é necessário fazer e que ela não soube, não quis ou não pôde fazer quando foi poder.
Se caímos no buraco ganhamos alguma coisa em gritar, aqui d´el rei que caímos no buraco? E se caímos no buraco saímos dele puxando para baixo quem se esforça por chegar lá acima?
.
(...) Um tipo está a pescar caranguejos que coloca dentro de um balde. Passa um vizinho e, vendo que o balde está aberto, pergunta ao pescador de caranguejos se ele não receia que os bichos saltem cá para fora.Responde o pescador de caranguejos: Não senhor, são caranguejos portugueses; se algum deles pensa trepar para sair do balde os outros puxam-no para baixo.
.
Tal e qual a Oposição em Portugal.

No comments: