TURNOIL
TURMOIL IN IRAQ IS PART OF PROGRESS, BUSH SAYS
Washington Post /January 11 (dia em que as forças militares no Iraque já contavam 2209 mortos)
“The American people know the difference between responsible and irresponsible debate when they see it,” he said. “They know the difference between honest critics who question the way the war is being prosecuted and partisan critics who claim that we acted in Iraq because of oil, or because of Israel or because we misled the American people”, said President Bush speaking to a gathering of Veterans of Foreign Wars.
Se George W. Bush não tivesse ganho as eleições em 2000,
se o imbróglio da Florida não tivesse existido,
se o irmão de Bush não fosse Governador da Florida,
se os Juízes do Supremo Tribunal de Justiça tivessem sido mais juízes e menos partidários,
se o Al Gore tivesse sucedido a Bill Clinton,
teria havido o 9/11?
O Afganistão continuaria a ser dominado pelos talibãs?
Sadam Hussein continuava a ditar em Bagdad?
Osama Bin-Laden continuava nas montanhas afegãs (onde provavelmente ainda se encontra, aliás)?
Não se pode rebobinar a história mas podem pensar-se os cenários alternativos prováveis se o curso dos acontecimentos fosse alterado á partida. Por exemplo, colocar as questões ao contrário:
Se Al Gore tivesse sido eleito (obteve a maioria dos votos) a Al-Qaeda teria destruído as Twin-Towers e milhares de pessoas?
Tudo leva a crer que sim. Já tinha perpetrado antes um atentado muito antes no World Trade Center, e sabe-se hoje que a operação de ataque às Twin tinha começado a ser preparada muito antes de George W. Bush ser presidente.
Nesse caso, o que teria feito Al Gore?
O ataque às Twin não poderia deixar de obrigar o Presidente dos EUA, qualquer que ele fosse, a tentar abater o Terrorista atacando o seu refúgio.
Os EUA são um Império e assumiram-se inequivocamente como tal em muitas situações no passado, independentemente das posições políticas das suas Administrações. Após o desmoronamento do muro de Berlim, os EUA não só absorvem todas as características imperiais como o assumem, por enquanto, a exclusividade dessa condição. Negar isto é desconhecer a História dos últimos cento e cinquenta anos e, sobretudo, a história dos últimos cinquenta. Em todas as situações em que as forças americanas intervieram em combate depois da Guerra Civil Americana, fizeram-no fora do seu território e, frequentemente, extrapolando a doutrina anunciada pelo Presidente James Monroe em 1823, retomada no “Manifest Design”, que em meados do Sec XIX estabelecia que “the United States had special rights all over the hemisphere, including the right to invade any nation in Central or South América that refused to back US policies”.
Quando, às três da manhã de 4 de Novembro de 1979, o Presidente Carter foi informado que cinquenta e cinco americanos se encontravam prisioneiros de jovens iranianos na embaixada dos EUA em Teerão, tinha começado uma afronta ao Império que só terminaria 444 dias depois e, entretanto, tinha colocado Carter fora da Casa Branca. Nos meses que precederam as eleições presidenciais o candidato Reagan terá promovido o prolongamento do sequestro para derrotar o incumbente Carter.
Carter, dois dias depois do início do sequestro, mostrava a sua impotência através de um desabafo tão sucinto quanto expressivo “ They have us by the balls”.
Passadas poucas semanas, em Dezembro, os russos invadiram o Afeganistão, sendo esta a primeira vez que os soviéticos faziam uma invasão em larga escala, fora do bloco comunista, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Em Janeiro de 1980, Carter anunciou o que, desde então, passou a ser chamada Carter Doctrine mas que reafirmava uma clara e consensual política antiga: “ Let our position be absolutely clear. An attempt by any outside force to gain control of the Persian Golf region will be regarded as an assault on the vital interests of the United States of America, and such an assault will be repelled by any means necessary, including military, including military force.” (in The Prize – The Epic Quest for Oil, Money & Power /Daniel Yergin/1992)
Os americanos, no entanto, não invadiram o Afeganistão, na altura, e percebe-se porquê. Se o fizessem teriam que enfrentar o Outro Império com todas as consequências de que a Crise da Baía dos Porcos protagonizada por Kennedy e Krutshev, quase vinte anos antes, tinha dado uma amostra de uma imagem sinistra. O cumprimento da Doutrina Carter pela Administração Reagan passou então pelo apoio claro dos americanos e dos seus aliados árabes aos talibãs e à Al-Qaeda de Osama Bin Laden. Com essa ajuda, os soviéticos foram derrotados, os talibãs tornaram-se donos do País, cometeram as atrocidades conhecidas que espantaram os países civilizados, e Osama Bin Laden tentou tomar o poder no seu país, a Arábia Saudita, foi expulso para o Sudão e conspirava a partir dali quando, por pressão dos americanos teve de se refugiar novamente no Afeganistão e, a partir dali, preparou o ataque de 11 de Setembro.
A História mostra repetidamente que os Impérios construíram-se e sustentaram-se frequentemente pelo uso de agentes guerrilheiros, em alguns casos, para a execução de golpes fortuitos, que podem incluir a eliminação física de adversários à custa de subornos. Os EUA não fugiram nem fogem á regra:
“However – and this is a very large caveat –if we fail, an even more sinister breed steps in, ones we… refer to as the jackals, men who trace their heritage directly to those earlier empires. The jackals are always there, lurking in the shadows. When they emerge, heads of state overthrown or die in violent “accidents”. And if by chance the jackals fail, as they failed in Afghanistan and Iran, then the old models resurface. When the jackals fail, young Americans are sent in to kill and to die. (in Confessions of an Economic Hit Man – John Perkins)
O ataque às Twin foi o primeiro grande ataque aos EUA no seu próprio território. É de algum modo concebível que, após o ataque às Twin, com todos os efeitos que deflagrou, o Presidente dos EUA não reagiria de forma equiparada se fosse Al Gore e não Bush? Ou que Al Gore pediria a intervenção da ONU? Certamente que não.
O ataque ao Iraque, veio praticamente logo a seguir e, sabe-se hoje, que apesar dos argumentos continuamente reafirmados, mas também ajustados à evolução do conhecimento dos acontecimentos, teve subjacente a estratégia americana revelada pela Doutrina Carter. Ainda recentemente, como se refere na abertura destas considerações, George W. Bush, voltou a insistir na sua tentativa de fazer acreditar o povo americano numa intenção abnegada e materialmente desinteressada.
E, Al Gore, teria invadido o Iraque? Com que argumentos?
A invasão do Iraque pelas tropas americanas ficou a dever-se a um imperativo de salvaguarda das reservas petrolíferas no Médio Oriente, para além da importância que a zona geograficamente representa no contexto estratégico para o domínio para o domínio do mundo. Os EUA não podem prescindir de dominar a zona para proveito próprio, das suas corporações (petrolíferas, grandes construtoras, consultores em tudo e mais alguma coisa) e outros interesses privados e, por tabela, dos interesses do resto do mundo petróleo-dependente. Tal não significa que o Presidente dos EUA esteja a conduzir uma guerra justa (mas haverá disso?) ou que o povo norte-americano aprove maioritariamente a intervenção no Iraque; o número daqueles que continuam a apoiar Bush, a maior parte deles convencida que apoia uma missão generosa de implantação da democracia numa região que bem precisa dela, tem-se reduzido significativamente à medida que aumenta a violência e o número de baixas e das notícias diárias que denunciam as dificuldades dos Marines em inverter a escalada de sangue. Bush nunca disse, nem dirá, aos norte-americanos que a presença das suas tropas se justifica para lhes assegurar o petróleo nosso de cada dia e, consequentemente, a garantia da sua estabilidade económica e social; seria altamente politicamente incorrecto, evidentemente; bem pelo contrário, a reafirmação de Bush atrás parcialmente transcrita, numa reunião de Veteranos das guerras em que intervieram tropas americanas, insiste que esse não é o objectivo e só interesses particulares (partisan critics) podem sugerir isso .
Contudo, é sobejamente reconhecido que na véspera do assalto americano os inspectores da ONU se prestavam a fazer novas declarações que, como veio a saber-se pouco mais tarde, concluiriam que não existia a ameaça das armas de destruição maciça no Iraque. Tivessem essas declarações sido prestadas e Bush teria, contrariado, adiado naquela altura a invasão. A proclamada intenção de plantar no difícil solo iraquiano a melindrosa árvore da democracia veio depois.
A invasão do Iraque não ocorreu apenas porque a Halliburton (presidida por Dick Cheney, de onde saiu para o ticket de Bush) e outras corporações americanas compram este mundo e outro por poder e por contratos; a presença americana no Médio Oriente, onde sustenta tribos medievais, inscreve-se numa estratégia que é consensual, desde há várias décadas, entre republicanos e democratas. Mesmo a discussão entre a solução das armas e o diálogo não tem sido fracturante entre os dois partidos que desde sempre alternaram no poder e sempre percorreram as etapas do aliciamento de caciques locais, eliminação de resistências muitas vezes de forma violenta, em última instância pela intervenção militar: a via clássica da construção dos impérios e do seu declínio.
TURMOIL IN IRAQ IS PART OF PROGRESS, BUSH SAYS
Washington Post /January 11 (dia em que as forças militares no Iraque já contavam 2209 mortos)
“The American people know the difference between responsible and irresponsible debate when they see it,” he said. “They know the difference between honest critics who question the way the war is being prosecuted and partisan critics who claim that we acted in Iraq because of oil, or because of Israel or because we misled the American people”, said President Bush speaking to a gathering of Veterans of Foreign Wars.
Se George W. Bush não tivesse ganho as eleições em 2000,
se o imbróglio da Florida não tivesse existido,
se o irmão de Bush não fosse Governador da Florida,
se os Juízes do Supremo Tribunal de Justiça tivessem sido mais juízes e menos partidários,
se o Al Gore tivesse sucedido a Bill Clinton,
teria havido o 9/11?
O Afganistão continuaria a ser dominado pelos talibãs?
Sadam Hussein continuava a ditar em Bagdad?
Osama Bin-Laden continuava nas montanhas afegãs (onde provavelmente ainda se encontra, aliás)?
Não se pode rebobinar a história mas podem pensar-se os cenários alternativos prováveis se o curso dos acontecimentos fosse alterado á partida. Por exemplo, colocar as questões ao contrário:
Se Al Gore tivesse sido eleito (obteve a maioria dos votos) a Al-Qaeda teria destruído as Twin-Towers e milhares de pessoas?
Tudo leva a crer que sim. Já tinha perpetrado antes um atentado muito antes no World Trade Center, e sabe-se hoje que a operação de ataque às Twin tinha começado a ser preparada muito antes de George W. Bush ser presidente.
Nesse caso, o que teria feito Al Gore?
O ataque às Twin não poderia deixar de obrigar o Presidente dos EUA, qualquer que ele fosse, a tentar abater o Terrorista atacando o seu refúgio.
Os EUA são um Império e assumiram-se inequivocamente como tal em muitas situações no passado, independentemente das posições políticas das suas Administrações. Após o desmoronamento do muro de Berlim, os EUA não só absorvem todas as características imperiais como o assumem, por enquanto, a exclusividade dessa condição. Negar isto é desconhecer a História dos últimos cento e cinquenta anos e, sobretudo, a história dos últimos cinquenta. Em todas as situações em que as forças americanas intervieram em combate depois da Guerra Civil Americana, fizeram-no fora do seu território e, frequentemente, extrapolando a doutrina anunciada pelo Presidente James Monroe em 1823, retomada no “Manifest Design”, que em meados do Sec XIX estabelecia que “the United States had special rights all over the hemisphere, including the right to invade any nation in Central or South América that refused to back US policies”.
Quando, às três da manhã de 4 de Novembro de 1979, o Presidente Carter foi informado que cinquenta e cinco americanos se encontravam prisioneiros de jovens iranianos na embaixada dos EUA em Teerão, tinha começado uma afronta ao Império que só terminaria 444 dias depois e, entretanto, tinha colocado Carter fora da Casa Branca. Nos meses que precederam as eleições presidenciais o candidato Reagan terá promovido o prolongamento do sequestro para derrotar o incumbente Carter.
Carter, dois dias depois do início do sequestro, mostrava a sua impotência através de um desabafo tão sucinto quanto expressivo “ They have us by the balls”.
Passadas poucas semanas, em Dezembro, os russos invadiram o Afeganistão, sendo esta a primeira vez que os soviéticos faziam uma invasão em larga escala, fora do bloco comunista, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Em Janeiro de 1980, Carter anunciou o que, desde então, passou a ser chamada Carter Doctrine mas que reafirmava uma clara e consensual política antiga: “ Let our position be absolutely clear. An attempt by any outside force to gain control of the Persian Golf region will be regarded as an assault on the vital interests of the United States of America, and such an assault will be repelled by any means necessary, including military, including military force.” (in The Prize – The Epic Quest for Oil, Money & Power /Daniel Yergin/1992)
Os americanos, no entanto, não invadiram o Afeganistão, na altura, e percebe-se porquê. Se o fizessem teriam que enfrentar o Outro Império com todas as consequências de que a Crise da Baía dos Porcos protagonizada por Kennedy e Krutshev, quase vinte anos antes, tinha dado uma amostra de uma imagem sinistra. O cumprimento da Doutrina Carter pela Administração Reagan passou então pelo apoio claro dos americanos e dos seus aliados árabes aos talibãs e à Al-Qaeda de Osama Bin Laden. Com essa ajuda, os soviéticos foram derrotados, os talibãs tornaram-se donos do País, cometeram as atrocidades conhecidas que espantaram os países civilizados, e Osama Bin Laden tentou tomar o poder no seu país, a Arábia Saudita, foi expulso para o Sudão e conspirava a partir dali quando, por pressão dos americanos teve de se refugiar novamente no Afeganistão e, a partir dali, preparou o ataque de 11 de Setembro.
A História mostra repetidamente que os Impérios construíram-se e sustentaram-se frequentemente pelo uso de agentes guerrilheiros, em alguns casos, para a execução de golpes fortuitos, que podem incluir a eliminação física de adversários à custa de subornos. Os EUA não fugiram nem fogem á regra:
“However – and this is a very large caveat –if we fail, an even more sinister breed steps in, ones we… refer to as the jackals, men who trace their heritage directly to those earlier empires. The jackals are always there, lurking in the shadows. When they emerge, heads of state overthrown or die in violent “accidents”. And if by chance the jackals fail, as they failed in Afghanistan and Iran, then the old models resurface. When the jackals fail, young Americans are sent in to kill and to die. (in Confessions of an Economic Hit Man – John Perkins)
O ataque às Twin foi o primeiro grande ataque aos EUA no seu próprio território. É de algum modo concebível que, após o ataque às Twin, com todos os efeitos que deflagrou, o Presidente dos EUA não reagiria de forma equiparada se fosse Al Gore e não Bush? Ou que Al Gore pediria a intervenção da ONU? Certamente que não.
O ataque ao Iraque, veio praticamente logo a seguir e, sabe-se hoje, que apesar dos argumentos continuamente reafirmados, mas também ajustados à evolução do conhecimento dos acontecimentos, teve subjacente a estratégia americana revelada pela Doutrina Carter. Ainda recentemente, como se refere na abertura destas considerações, George W. Bush, voltou a insistir na sua tentativa de fazer acreditar o povo americano numa intenção abnegada e materialmente desinteressada.
E, Al Gore, teria invadido o Iraque? Com que argumentos?
A invasão do Iraque pelas tropas americanas ficou a dever-se a um imperativo de salvaguarda das reservas petrolíferas no Médio Oriente, para além da importância que a zona geograficamente representa no contexto estratégico para o domínio para o domínio do mundo. Os EUA não podem prescindir de dominar a zona para proveito próprio, das suas corporações (petrolíferas, grandes construtoras, consultores em tudo e mais alguma coisa) e outros interesses privados e, por tabela, dos interesses do resto do mundo petróleo-dependente. Tal não significa que o Presidente dos EUA esteja a conduzir uma guerra justa (mas haverá disso?) ou que o povo norte-americano aprove maioritariamente a intervenção no Iraque; o número daqueles que continuam a apoiar Bush, a maior parte deles convencida que apoia uma missão generosa de implantação da democracia numa região que bem precisa dela, tem-se reduzido significativamente à medida que aumenta a violência e o número de baixas e das notícias diárias que denunciam as dificuldades dos Marines em inverter a escalada de sangue. Bush nunca disse, nem dirá, aos norte-americanos que a presença das suas tropas se justifica para lhes assegurar o petróleo nosso de cada dia e, consequentemente, a garantia da sua estabilidade económica e social; seria altamente politicamente incorrecto, evidentemente; bem pelo contrário, a reafirmação de Bush atrás parcialmente transcrita, numa reunião de Veteranos das guerras em que intervieram tropas americanas, insiste que esse não é o objectivo e só interesses particulares (partisan critics) podem sugerir isso .
Contudo, é sobejamente reconhecido que na véspera do assalto americano os inspectores da ONU se prestavam a fazer novas declarações que, como veio a saber-se pouco mais tarde, concluiriam que não existia a ameaça das armas de destruição maciça no Iraque. Tivessem essas declarações sido prestadas e Bush teria, contrariado, adiado naquela altura a invasão. A proclamada intenção de plantar no difícil solo iraquiano a melindrosa árvore da democracia veio depois.
A invasão do Iraque não ocorreu apenas porque a Halliburton (presidida por Dick Cheney, de onde saiu para o ticket de Bush) e outras corporações americanas compram este mundo e outro por poder e por contratos; a presença americana no Médio Oriente, onde sustenta tribos medievais, inscreve-se numa estratégia que é consensual, desde há várias décadas, entre republicanos e democratas. Mesmo a discussão entre a solução das armas e o diálogo não tem sido fracturante entre os dois partidos que desde sempre alternaram no poder e sempre percorreram as etapas do aliciamento de caciques locais, eliminação de resistências muitas vezes de forma violenta, em última instância pela intervenção militar: a via clássica da construção dos impérios e do seu declínio.
Provavelmente, Al Gore não teria invadido o Iraque e teria optado por pressionar a ONU no sentido de uma resolução de intervenção multinacional. Mas se essa intervenção continuasse a não ocorrer? Se depois do Iraque, também o Irão ameaçasse, como o faz agora, continuar o seu projecto de armamento nuclear, ainda que disfarçado de propósitos pacíficos, e reduzisse os fornecimentos de petróleo? Como sempre tem acontecido, salvo durante um relativamente curto período de tempo em 1973, a Arábia Saudita, que tem colmatado as falhas de abastecimento por perturbações políticas ou outras, continuará a desempenhar o seu papel regulador do mercado mas haverá um momento em que poderá deixar de o fazer de forma suficiente.
As posições actuais da Alemanha, da França e, em certa medida, da China e da Rússia perante o problema da intranquilidade dos mercados quanto aos fornecimentos de petróleo a partir do Médio Oriente, ainda que a Rússia beneficie da instabilidade de fornecimentos da OPEP, demonstram que a ameaça de terrorismo com origem naquela parte do globo está intimamente correlacionada com a conquista pelo controlo dos poços de petróleo e dos oleodutos. Se essa preocupação não existisse ser-lhes-ia mais fácil vender a alma ao diabo e permanecerem espectadores divertidos da queda americana.
É o politicamente correcto que alimenta a hipocrisia global: se fosse reconhecido pela comunidade mundial a inquestionável importância do petróleo no funcionamento da economia global e, portanto, a necessidade de gerir globalmente as disponibilidades conhecidas e as que virão a ser, o Médio Oriente não seria palco das tensões a que, deste modo, está condenado.
E não só o Médio Oriente:
Because of EHM (Economic Hit Men) projects, Ecuador is awash in foreign debt and must devote an inordinate share of its national budget to paying this off, instead of using its capital to help the millions of its citizens officially classified as dangerously impoverished. The only way Ecuador can buy down its foreign obligations is by selling its rain forests to the oil companies. Indeed, one of the reasons the EHMs set their sights on Ecuador in the first place was because the sea of oil beneath its Amazon region is believed to rival de oil fields of the Middle East. The global empire demands its pound of flesh in the form of oil concessions.
These demands became especially urgent after September 11, 2001, when Washington feared that Middle East supplies might cease. On top of that, Venezuela, our third largest oil supplier, had recently elected a populist president…he threatened to cut off oil sales to the United States. The EHMs had failed in Iraq and Venezuela, but we have succeed in Ecuador; now we would milk it for all it is worth.
CONFESSIONS OF AN ECONOMIC HIT MAN – John Perkins – www.JohnPerkins.org
A explicação da invasão do Iraque pelo petróleo como causa dominante tem sido geralmente considerada redutora, não por apoio a Bush mas por contestação da sua política imperialista. O ataque ordenado por Bush foi fortemente contestado pelo eixo franco-alemão, tendo Chirac expressado de forma muito contundente o desconforto da França, onde reside uma comunidade árabe que representa 10% da população residente.
É curioso, se não mesmo surpreendente, que tendo entretanto Gerhard Schröder sido substituído por Angela Merkel como Chanceler da Alemanha, numa altura em que o Presidente do Irão nega que o Holocausto tenha ocorrido e ameaça recomeçar a produção de urânio enriquecido, Jacques Chirac tenha no dia 19 de Janeiro de 2006, de visita a uma base de submarinos em Ille Longue afirmado que “os dirigentes de Estados que usem meios terroristas contra a França e que pretendem utilizar armas de destruição maciça expõem-se a uma resposta firme que pode ser convencional mas que pode ser também de outra natureza”
(in Público – 2005/01/20)
Que mosca terá mordido na orelha do Jacques?
George W. Bush deve ter gostado de ouvir isto. Ainda que ele, George, não se tenha atrevido a dize-lo.