Caro Professor,
Assisti ao P&C de ontem, e penso que percebi bem a sua intenção de deslocar o eixo da discussão para uma questão difícil: a prova da corrupção.
Assisti ao P&C de ontem, e penso que percebi bem a sua intenção de deslocar o eixo da discussão para uma questão difícil: a prova da corrupção.
Trata-se de um beco onde se perdem, ou dizem-se perdidos, quase todos os que perseguem a hidra. A propensão para a corrupção decorre de um estado de falência moral que contamina a maioria dos membros de uma sociedade retrógrada.
Há dias li, numa conhecida revista brasileira, que 70% dos brasileiros admitem que aceitariam ser subornados se a oportunidade ocorresse. Resultado: o Brasil tem, naturalmente, um dos mais elevados níveis de corrupção do mundo.
E, em Portugal? Creio que não sabemos. Mas o número daqueles que implicitamente aceitam a corrupção é certamente elevado, também entre nós. Mas essa aceitação implícita não é se não a espuma do caldo que a Justiça, por falta dela, fermenta em Portugal.
Enquanto a Justiça, também nesta matéria, demora e prescreve, o polvo multiplica as ventosas. O nó górdio enlaça-se na Justiçazinha que temos, e não sei se vai haver Alexandre que mude as coisas a tempo.
Um aspecto, contudo, menos abordado no referido programa, mas que informa toda uma filosofia elementar de princípios morais, e que deveria ter sido, do meu ponto de vista, objecto de espanto, foi quase normalizado. Refiro-me ao famigerado caso do aperto de mão: Entre ER e RC eriçaram-se os ânimos porque a porta se abriu e só depois a câmara entrou, ou a câmara já lá estava antes da porta se abrir. Uma pessegada.
O Catedrático Carrilho será uma Sumidade em Filosofia mas esqueceu um princípio de moral básica: o de que deve o homem, se quer cuidar das suas vértebras, manter a verticalidade em público como se estivesse em privado, e mantê-la em privado como se estivesse em público.
Ou mudou o paradigma, e eu não fui avisado? É admissível a falta se o árbitro está de costas?
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