Friday, August 18, 2023

E, A FACTURA?

Anda por aí, mais uma vez, a discussão sobre a carga fiscal. Não porque não haja também outro assuntos importantes a discutir, mas porque este é o mais fácil de transmitir em mensagens curtas, numa época em que qualquer explicação com mais de vinte palavras adormece os destinatários. É a época das redes sociais de mensagens curtas mas de longo alcance, que colocam quase todo o mundo à volta agarrado ao telemóvel, desafiado pelo Facebook e derivados. 

Quanto à carga fiscal, incentivou-me este blog, que cita um estudo da Universidade do Porto - Economia paralela em Portugal representa quase 35% do PIB - a voltar ao assunto depois de ter contribuído para este peditório, na medida das minhas possibilidades, neste caderno de apontamentos, desde há quase dezoito anos. Além do mais, aqui:

O EXEMPLO VEM DE BAIXO, de 2 de Maio de 2010

E, A FACTURA? , de 15 de Maio de 2011

DISCRIMINAÇÃO FISCAL, de 1 de Maio de 2015 

Alterou-se alguma coisa nestes últimos 15 anos em matéria de evasão fiscal, não só pela via estreita da economia paralela mas sobretudo pela via larga da via clandestina?
Parece que sim, a julgar pelo estudo citado e pela opinião da autora (economista portuguesa, há muito anos residente nos EUA) do artigo no blog citado.

Se o cidadão comum (ou incomum!) precisa de um serviço de electricista, mecânico, pintor de paredes, enfim, de um topa-a-tudo, no fim do serviço prestado a conversa que segue, quando não é, normalmente, esta?

- Quanto devo?
- São XXX, se precisar de factura.
- Hum! XXX mais IVA ... , não, não preciso de factura.
 
Nos restaurantes continua a mesma borga de sempre. 
No fim da refeição:

- Quanto devo?
- Aqui tem a continha. (o documento não apresentado não é factura)
- Preciso de factura.
- Vem já, vem já ...
 
Demora sempre a chegar.
Cliente português em restaurante, em geral, é mal visto pela gerência do estabelecimento. Impingiram-lhe a ideia do "peça factura e deduza no IRS" e é uma complicação. Cada conta obriga a dois documentos.
Se for estrangeiro, é geralmente mais generoso na gorjeta e não precisa da factura para nada.
 
Não há nada a fazer? 
Claro que há. Mas seria impopular, na via estreita; na via larga seria chocar com intocáveis. 
Quem é que se vai meter nisso?

1 comment:

Rogério Silva said...

Na mouche.
Abraço.