Agora, temporariamente, no Metropolitan Museum of Art.
Vem publicado no semanário Expresso de ontem, aqui.
Transcrevo na íntegra pelo interesse que possa merecer a quem se interesse pela história e pela arte.
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Uma escultura indiana em Pompeia
Pompeia, 1938. A II Guerra Mundial ainda não tinha começado e o ditador fascista Benito Mussolini comandava Itália quando o arqueólogo Amedeo Maiuri anunciou a descoberta desta escultura indiana perto de Nápoles, durante as escavações de uma casa destruída pelo Vesúvio em Pompeia, no ano 79 d.C. Além da beleza desta escultura em marfim com 25 centímetros de altura, o achado era uma prova da importância das trocas comerciais e culturais que existiram entre o Império Romano e o resto do mundo conhecido. Agora, este trio de figuras femininas faz parte em Nova Iorque da grande exposição “Tree & Serpent — Early Buddhist Art in India, 200 BCE-400 CE” (Árvore & Serpente — Arte Budista Antiga na Índia, 200 a.C.-400 d.C.), que está até 13 de novembro no Metropolitan Museum of Art e inclui mais de 50 peças que nunca tinham saído da Índia, sendo algumas descobertas recentes. Já esta hóspede temporária do Met costuma estar em Nápoles, no Museo Archeologico Nazionale di Napoli, onde é uma das estrelas do Gabinetto Segreto. Nessa parte do museu está uma coleção de arte que viveu escondida da maior parte do público até ao ano 2000, por ser considerada imprópria para os olhos dos visitantes que não pertencessem a elites culturais e económicas. Enquanto esta estatueta está em Nova Iorque, o erotismo do Gabinetto Segreto continua a merecer ser redescoberto em Nápoles. Mais aconselhável a menores será a exposição “Alessandro Magno e l’Oriente” (Alexandre Magno e o Oriente), que está no mesmo museu napolitano até 28 de agosto e onde também é dada muita atenção à ligação antiga da Europa com a Ásia. A ligação chegou a ser tão forte que se pode encontrar influência de estátuas romanas em esculturas criadas na Índia no séc. I d.C., que representavam divindades indianas. E o que faria esta escultura indiana naquela casa, quando o Vesúvio arrasou Pompeia? Há várias hipóteses avançadas por especialistas. Talvez lembrasse Vénus. Talvez parecesse uma meretriz, longe das referências divinas indianas. Talvez fosse usada como desbloqueador de conversas, sendo poisada em cima das mesas durante um banquete.
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